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OPINIÃO - Claro que valeu a pena!

Nos últimos dias, e não só no dia 25, o País multiplicou-se em inúmeras iniciativas para comemorar a Democracia e a Liberdade conquistada há 40 anos pela Revolução dos Cravos, liderada pelos Capitães de Abril que merecem o nosso respeito e admiração.

Foi o Movimento das Forças Armadas que derrubou o regime da ditadura que durante 48 anos oprimiu o povo português e que pôs fim ao isolacionismo que imperava em Portugal há tanto tempo e que ajudou, também, ao aparecimento de novos países independentes.

Democratizar, Descolonizar e Desenvolver foram os lemas e princípios impulsionadores que fizeram regressar Portugal ao fórum das nações livres.

Nasci em cima do 25 de Abril! Não tenho, portanto, memória dos tempos anteriores, da própria data, ou mesmo dos tempos imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974. Tenho, no entanto, a memória familiar e a memória da História de um Povo e de um País que comecei a conhecer em casa e nos bancos da escola pelos ensinamentos da minha família e da minha professora primária.

Sou, assim, da primeira geração de portugueses que cresceu em liberdade após o 25 de Abril e posso afirmar, com verdadeira convicção, que o 25 de Abril valeu a pena!

A minha geração já cresceu em liberdade, sem censura, sem guerra, sem violência física ou psicológica, com opinião e com possibilidade de a expressar e sem conhecer grande parte das privações das gerações anteriores.

O 25 de Abril valeu a pena e foi um sucesso, sem dúvida! O País democratizou-se e vivemos num Portugal livre, plural e democrático.

O País descolonizou e terminou com a injusta e incompreensível guerra colonial. O País desenvolveu-se, apesar de tudo, aqueles que viveram o 25 de Abril antes e depois reconhecem as diferenças.

Quem, à época, lutou e promoveu uma Revolução assente em democratizar, descolonizar e desenvolver só pode sentir orgulho de ver a missão cumprida com sucesso, e por isso, que não é pouco, celebrar o 25 de Abril é celebrar a alegria.

É certo que Portugal atravessa momentos muito difíceis e há portugueses que passam dificuldades que não podemos ignorar. Há mesmo quem passe fome o que é intolerável passados 40 do 25 de Abril! Em 2012 emigraram mais de 121 mil portugueses e em 2013 quase outros tantos, mais do que os 120 mil emigrados em 1966; há mais de 800 mil portugueses em situação de desemprego; há 37,7% de jovens desempregados; há centenas de milhares de trabalhadores, reformados e pensionistas que têm visto os seus rendimentos diminuídos abruptamente; há escolas, tribunais, repartições de finanças e postos de saúde a serem encerradas, acentuando declives sociais e heterogeneidade ao território; a dívida pública cresceu sempre nos últimos dois anos e meio e ultrapassou os 210 mil milhões de euros e os 130% do produto interno bruto.

Mas tenhamos esperança no futuro. Com empenho e engenho, com as medidas certas, Portugal ultrapassará as actuais dificuldades tal como o fez no passado!

Originalmente publicado no Diário de Coimbra de 28.04.2014 - não disponível online

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