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VI EXPOARTES - FOZ DO CANEIRO voltou às suas origens

Alcandorada sobre a estrada Penacova-Coimbra e a margem direita do Rio Mondego, Foz do Caneiro é uma aldeia que prima pela união dos seus habitantes. O seu Grupo Desportivo tem por objectivo reavivar as tradições e através do seu espaço colectivo extravasar o bem-estar das pessoas e, ao mesmo tempo, saber reconhecer aqueles que se salientaram na vida colectiva. Neste aspecto, o Grupo soube já, em 30-7-1994, com descerramento de placa na altura, homenagear o impulsionador da sede daquela colectividade, decorridos que são 20 anos, o benemérito, com espírito empreendedor, que foi Franklim Lopes Marques, um brasileiro residente naquela aldeia, que contribuiu com o dinheiro necessário para aquela obra.

Fim-de-semana festivo em todos os aspectos



O fim-de-semana, 9 e 10 de Agosto, ficou marcado a letras bem salientes, pois as gentes da Foz do Caneiro não só reviveram as suas origens, através da «Ribeira d’Arcos, suas paisagens e Azenhas», como ainda inauguraram um Parque Infantil, pois como disse a presidente da direcção, Sandra Ralha, embora não «tenhamos escola primária, mesmo assim pretende-se o melhor para as crianças». E neste sentido, o «seu» Grupo entendeu que era muito importante criar um espaço onde essas mesmas crianças pudessem brincar. A obra aí está, instalada no jardim da colectividade, sendo a construção tido o apoio da Câmara Municipal de Penacova e da Junta de Freguesia de Lorvão.

Se no sábado a festa foi enriquecida com a inauguração acima citada, teve também a abertura da Expo Arte e Cultura, uma iniciativa do Grupo Desportivo de Foz do Caneiro. Este ano a mostra teve como nota dominante a Ribeira d’Arcos, um dos afluentes do Rio Mondego, ao qual está associado um vasto património que a comunidade não quer perder.

Ao longo desta Ribeira, entre a zona da Aveleira e o Porto da Barca do Lavrador, segundo Sandra Ralha, existiram em funcionamento mais de meia centena de azenhas, usadas na transformação do cereal em farinha, particularmente o milho, que levava os moleiros andar de terra em terra a vender a farinha, para depois a transformar, sobretudo, em broa e o pão.


Na exposição, que fora inaugurada pelo habitante mais idoso de Foz do Caneiro, José Ralha Santos, com 96 anos e antigo ciclista do Sporting Clube de Portugal, participaram 28 expositores, com diversos produtos e artefactos da região, com destaque para as miniaturas de barcas que eram utilizadas para o transporte de artigos que eram levados para Coimbra e Figueira da Foz, sendo a lenha e os palitos os principais produtos, já que o palito é uma referência artesanal daquela zona do concelho de Penacova; e no retorno traziam sal e outros géneros alimentícios.

Segundo a presidente do Desportivo, algumas das azenhas têm sido recuperadas pelos próprios proprietários, pois existe um projecto que é a implementação de percursos pedonais ao longo da ribeira, no sentido de estabelecer contacto mais próximo com as azenhas, e assim valorizar toda aquela zona.

Dia do Sócio

No domingo, um outro acto foi enriquecedor. Foi dedicado ao Sócio. Sendo o sócio elemento preponderante para a vida de qualquer colectividade, neste contexto, foi evocada a figura de Franklim Lopes, que foi o impulsionador da construção da sede, há 20 anos, o que aconteceu já com o Grupo em plena actividade, para a qual apoiou com grande parte do dinheiro necessário.




O Clube é o ponto de encontro


Após as inaugurações, a presidente do Clube, Sandra Ralha, referiu-se à importância destas realizações, que se transformam em convívios, que trazem ao de cima a história de um povo, através das tradições e costumes, salientando que a sede da colectividade passou a ser o ponto de encontro da comunidade, já que deixaram de existir as conhecidas tabernas, onde habitualmente o povo se reunia e cavaqueava. Quanto ao parque infantil, frisou que, «como já não temos escola primária, mas temos crianças, esta obra é um bem para elas». Deixou palavras elogiosas aos seus colegas de direcção pelo trabalho que têm desenvolvido, não esquecendo as autarquias – Câmara Municipal e Junta de Freguesia – que muito têm feito para a valorização da Foz do Caneiro e de todo o seu envolvimento nas diversas iniciativas, desde a limpeza das ruas e a participação nas iniciativas.

Rui Batista, presidente da Junta de Freguesia de Lorvão, disse que a autarquia vai poder continuar a ajudar noutras iniciativas que venham a surgir, não deixando de reconhecer todo o trabalho que o Clube está a desenvolver, especialmente na cultura e recriação, com a formação da Escola de Concertinas.

A Ribeira d’Arcos vai ter aquilo que merece…



Com os parabéns deixados por mais esta iniciativa, o Presidente da Câmara, acompanhado pela vereadora da Cultura, Fernanda Veiga, dali natural, deixou claro que «sempre que subimos um degrau revela que estamos vivos» e por isso elogiou a capacidade do Clube trazendo às pessoas «iniciativas desta dimensão», que sendo uma aldeia pequena, consegue que essas mes­mas pessoas se unam, com trabalho e dedicação. Deixou a informação de que a Ribeira d’Arcos está sobre a mira de um projecto de requalificação, que dentro de um ano estará pronto e será sujeito a fundos comunitários, afirmando que «tudo o que se possa fazer pela memória das nossas tradições é uma riqueza».

E a festa prosseguiu com grande entusiasmo e riqueza tradicional, com teatro, música tradicional, enfim com tudo o que o povo gosta: alegria e animação.

Prova de resistência

Em nota à parte, confessamos que nunca tínhamos ido à Foz do Caneiro. Só conhecíamos a aldeia da estrada. Tendo em conta esta circunstância, estacionei o veículo à ponte e iniciei o percurso, não sabendo que este era tão íngreme. Penso que são mais de 200 metros a subir, mas a bom subir. Quando pensava que seria ali… mais uma rua íngreme se apresentava, e lá cheguei ao Clube. Mas como os 69 são já uma força da natureza, e embora parasse aqui e ali para respirar fundo, eis que, depois do trabalho feito, e regressar pelo mesmo percurso, a descer, já refeito de tal aventura, dei comigo a pensar: afinal ainda há por aqui forte resistência…

Uma mulher de armas…


A Dr.ª Sandra Margarida Ralha Silva, sócia n.º 53 do Grupo Desportivo de Foz do Caneiro, é professora e 2.ª secretária da Assembleia Municipal de Penacova. Já a conhecemos há uns anos; e tendo um avô com 96 anos e ciclista nos seus verdes anos, dá para perceber também a sua resistência, aliada a um trabalho persistente, dinâmico que durante 12 anos vai desenvolvendo no seu Grupo Desportivo. Tendo como equipa, uma boa equipa, onde outras mulheres também marcam posição de relevo, a Dr.ª Sandra é líder da colectividade e faz com que ela seja aquilo que é actualmente: dinâmico, recreativo e criativo.

Eis a constituição dos órgãos sociais:

Assembleia-Geral – Presidente, Maria da Conceição Veiga Reis; 1.º secretário, Jorge Figueiredo; e 2.º secretário, Leandro Ralha.
Direcção – Presidente, Sandra Margarida Ralha da Silva; vice-presidente, Luís Ralha; secretário, João Pedro Silva; tesoureiro, Severino Fonseca; e vogais, Rosa Santos e Maria Alice Cardoso Sousa Fonseca.
Conselho Fiscal – Presidente, Marco Assunção; secretário, Rodrigo Fonseca; e relator, Diogo Sousa.

Jornalista José Carlos de Vasconcelos

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