SAÚDE - NO AVC, o Enfermeiro de Reabilitação
Desafio o leitor a imaginar-se numa cama
de hospital, sem força num braço, sem conseguir falar, incapaz de andar… Tudo
isto devido a um acidente vascular cerebral (AVC). Como poderá o Enfermeiro de
Reabilitação ajudá-lo? E, se afinal todos vestem fardas brancas e passam 24
horas perto de si, o que o diferenciará dos outros profissionais de saúde e
mesmo dos outros enfermeiros?
O Enfermeiro de Reabilitação é aquele
que o ajuda a persistir, mesmo quando o utente só tem vontade de desistir.
Este profissional de saúde procura
melhorar a qualidade de vida dos utentes, promovendo a sua independência
funcional ou a sua adaptação à deficiência, resultante de doença, trauma ou
sequelas, ajudando-o com dignidade e fomentando-lhe a autoestima. A
Reabilitação faz parte dos cuidados de Enfermagem enquanto especialidade,
centrando a sua ação no utente-cuidador/familiar.
Como profissionais de saúde
especializados, é indispensável pensar no significado das nossas ações. Na
saúde, o “ajudar” e o “cuidar” não são um simples facto do senso comum
enraizado nas boas intenções de quem ajuda. É preciso atuar com vocação,
sabedoria e entrega científica, pois esse fazer, é uma forma de arte!
Na atualidade, ser Enfermeiro de
Reabilitação requer uma autêntica vocação pessoal, prestando cuidados não só
com a técnica, mas também com sensibilidade, considerando o utente como um todo
e não apenas como um caso.
É importante que sejam criadas condições
favoráveis à promoção de autonomia e, para isso, a pessoa deve ser estimulada a
utilizar as suas capacidades. O caminho nem sempre é fácil. Pode ser lento e
moroso, mas pequenos ganhos, tal como beber um copo de água, são autênticas
conquistas!
Cada vez mais é reconhecido o papel
determinante dos Enfermeiros Especialistas de Reabilitação, designadamente na
prevenção de complicações, na manutenção ou recuperação da independência nas
atividades diárias, na diminuição do impacto das incapacidades instaladas (quer
por doença, quer por acidente), ou no aumento da qualidade de vida da pessoa e
da família, factos estes, que têm vindo a contribuir positivamente para ganhos,
tanto ao nível da saúde como da economia.
A prática de enfermagem de reabilitação
tem, neste contexto, um âmbito abrangente, intervindo ao nível das disfunções
neurológicas, respiratórias, cardíacas, ortopédicas, traumatológicas e nas
deficiências e incapacidades, tornando-se imprescindível, nomeadamente, em
Unidades de AVC, Serviços de Medicina, Cardiologia, Pneumologia, Neurologia,
Neurocirurgia e serviços com grande número de idosos e/ou dependentes.
Trata-se de um processo de cuidar
precoce, abrangente e holístico enquanto um modelo assistencial, mas
essencialmente educativo. As preocupações do Enfermeiro de Reabilitação passam
cada vez mais, por dar conforto ao utente, controlar sintomas indesejados e
ensiná-lo a reaprender a viver com as incapacidades adquiridas, estimulando
assim a autonomia e promovendo a independência, fatores estes, fundamentais na
estruturação do seu autoconceito de qualidade de vida.
Atuando na saúde e na doença, aguda ou
crónica, este profissional contribui para maximizar o potencial funcional e de
independência física, emocional e social das pessoas, minimizando as
incapacidades, nomeadamente através da reeducação funcional respiratória,
reabilitação funcional motora, treino de atividades de vida diária, ensino
sobre a otimização ambiental e utilização de ajudas técnicas.
Compete-nos a nós, profissionais da
saúde, encarar os utentes como seres humanos únicos, compreendendo as suas
limitações e dando-lhes pistas que tornem o seu dia-a-dia mais risonho. Cada
ser humano é um ser ímpar, que deve ser tratado especificamente, sem
descurarmos as suas capacidades, incapacidades, motivações e desmotivações.
Neste sentido, os Enfermeiros
Especialistas em Reabilitação, abordam cada utente numa perspetiva que
ultrapassa a compreensão única de uma condição de saúde, estando-lhes implícita
uma forte componente de humanidade, dedicação e paixão, que se reflete no seu
desempenho, onde dão sempre o máximo de si.
Carina Rebelo
Enfermeira
Especialista em Enfermagem de Reabilitação
Secção Regional do
Centro da Ordem dos Enfermeiros
Tenho a certeza de que este comentário não será publicado, no entanto, não posso deixar de mostrar o meu descontentamento com esta notícia, ou melhor, com a forma como foi escrita.
ResponderEliminarAfinal de contas que país é este em que as profissões se atropelam umas as outras??? E o papel do fisioterapeuta neste processo? quem são os Srs enfermeiros de reabilitação, comparado com o nível de conhecimentos relativamente a reabilitação que os fisioterapeutas têm? Por favor, façam enfermagem, deixem a fisioterapia para quem estuda para isso.
Convém não confundir "Especialista em Enfermagem de Reabilitação" com "Especialista em Reabilitação". A Enfermagem cuida, não trata nem recupera utentes! Ou seja, o enfermeiro adapta os seus cuidados de enfermagem ao ambiente de reabilitação. Esta constante tentativa de usurpação de funções só demonstra que a sua práctica se centra em si mesmos, nos seus interesses, e não no utente. É triste.
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