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OPINIÃO | Vida Associativa e desenvolvimento local

Olhando para o associativismo de forma ampla, verificamos que todos os atores da sociedade civil incluídos em movimentos sociais, organizações de carater não-governamental, têm como principal objetivo de consciência e cidadania, diria até objetivo único, a resolução de problemas sociais e parece-me consensual o interesse comum em efetivar a condição de cidadãos ativos, sob o lema agir e intervir na sociedade procurando, deste modo, melhorá-la.

A formação de associações pode assumir-se como uma possibilidade efetiva de grupos de cidadãos lutarem e afirmarem a sua identidade. As organizações de tipo associativo são o eixo nuclear de qualquer política de desenvolvimento, na medida em que constituem um pilar decisivo na construção de solidariedades, são a expressão de uma forma de vida em comunidade, que favorece o exercício da democracia e da cidadania. 

As associações voluntárias, movidas por fins e metas que não se traduzem na obtenção de lucro, associações sem fim lucrativos, geralmente englobam, na sua estrutura, a presença de voluntários, que se mobilizam para concretizar os seus objetivos sociais, é nesta medida que as autarquias locais têm um importante papel no sentido em devem assumir a função de moderação e regulação, intervindo na promoção de regras claras, nomeadamente o apoio na organização funcional, logística, administrativa e financeira.

Instituições que não visam o lucro têm normalmente nos seus quadros dirigentes, nos seus Órgãos Sociais, cidadãos que dão o seu melhor, o melhor dos seus conhecimentos, mas que por vezes se revela insuficiente face à panóplia de obrigações legais e fiscais que tornam muitas vezes o caminho espinhoso, tortuoso e infelizmente até no limite poderem prejudicar severamente a sua vida pessoal e familiar, portanto é de salientar a pró-atividade das Federações e Cofederações no que respeita à emissão regular de boletins informativos e demais esclarecimentos no sentido de facilitar e auxiliar a gestão diária das Associações.

Não posso, no entanto esquecer o papel fundamental dos Municípios, é pertinente equacionar a criação de gabinetes de apoio associativo de entre outras iniciativas locais de forma a potenciar uma relação de maior proximidade às necessidades e dificuldades, sendo este, no meu entender o eixo principal indispensável à promoção do desenvolvimento local e de valores com vista ao envolvimento e participação na vida associativa e também de uma cultura de solidariedade e de respeito pelos direitos e deveres de cada cidadão.

É fundamental que as políticas implementadas de incentivo ao desenvolvimento do Associativismo sejam perspetivadas, com base nas dinâmicas associativas e enquadradas em estratégias de desenvolvimento local, envolvendo a cooperação e a parceria do movimento associativo e o seu enquadramento estratégico e participado nas dinâmicas das atividades projetadas. 

O desenvolvimento de Princípios de Apoio ao Associativismo, deve ser equacionado, essencialmente, através da implementação de protocolos de cooperação, da apresentação de candidaturas que potenciem o envolvimento dos diversos Agentes Locais e das populações na vivência plena da sua intervenção social.

Não tenho duvidas em afirmar que a cultura associativa contribui para o desenvolvimento educacional das populações e evita a ameaça cada vez mais real das atuais tendências individualistas e isolacionistas da sociedade moderna. 

Citando António Sousa Pereira: “Na vida associativa começa a criatividade e o sonho, é preciso dar asas ao sonho, o associativismo é uma escola de vida, de cidadania e de valorização do humanismo”.

Paulo Dias Duarte 
Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Penacova