CONFRARIA DA LAMPREIA - No XIII Capítulo, a requalificação dos açudes é a preocupação fundamental
O mordomo-mor da Confraria da
Lampreia de Penacova considera que a requalificação dos açudes no rio Mondego,
da foz até à barragem da Aguieira, revela-se «fundamental para o processo de
desova da lampreia», uma vez que o ciclóstomo «procura locais com baixios,
zonas de corrente fraca e areosa para efectuar a desova». Para Fernando Lopes
esta era uma obra que «já tardava» e cuja execução veio «beneficiar o normal
ciclo de vida» do ciclóstomo.
O dirigente falava a propósito da
realização, amanhã, do XIII Capítulo da Confraria da Lampreia, iniciativa que
tem como objectivo «criar um momento de confraternização entre confrades e
efectuar um balanço das actividades anuais promovidas pela Confraria da
Lampreia».
O momento alto do evento, além do
almoço - onde se vive toda a plenitude do sabor, não só da lampreia, mas de
outros sabores que o concelho de Penacova tem para oferecer – e do desfile de
Confrarias - este ano serão cerca de 30 a 35 - é a cerimónia capitular, altura
em que a Confraria da Lampreia entroniza novos confrades. Este ano, apenas duas
pessoas vão merecer essa distinção, porque, de acordo com Fernando Lopes, a
confraria «prima pela qualidade em detrimento da quantidade».
Pedro Caridade, professor
universitário, ligado à área de investigação em biologia, e Mariana Simões
Silva, jovem que está ligada ao tecido associativo do concelho de Penacova,
serão os novos confrades que serão entronizados, numa cerimónia a realizar no
Centro Cultural de Penacova.
O almoço, que uma vez mais é
servido pelo restaurante Nacional, terá lugar nas instalações do Mocidade
Futebol Clube e o arroz de lampreia constitui, como habitualmente, o prato
principal.
já para Fernanda Pimentel, este
momento é «especial para a promoção da lampreia, não só pela iguaria em si,
mas, igualmente, pela interacção entre as várias confrarias» que marcam presença
no capítulo.
Obras nos açudes são hoje apresentadas
As obras realizadas em cinco
açudes do rio Mondego, entre Montemor e Penacova, deverão facilitar a subida de
lampreias e diversos peixes, com vantagens ecológicas e económicas para a
região, disse o investigador responsável pelo projeto. «Ainda não temos
financiamento para fazermos as monitorizações, mas estamos já a fazer algum
trabalho» face ao esperado aumento do número de espécies oriundas do oceano
Atlântico que sobem o rio, afirmou Pedro Raposo de Almeida, professor da
Universidade de Évora e coordenador do projeto.
Promovida no âmbito do projeto
“Reabilitação dos Habitats de Peixes Diádromos na Bacia Hidrográfica do
Mondego”, a intervenção terminou em Dezembro e é hoje apresentada, em Penacova,
na presença do secretário de Estado das Pescas, José Apolinário.
Os açudes beneficiados –
Formoselha, Palheiros, Louredo, Carvoeira e Penacova – «possuem agora passagens
para peixes que permitem a livre circulação das espécies migradoras». O sável,
a lampreia e a enguia «têm agora livre trânsito para a sua rota migratória no
rio Mondego», em resultado do projeto de reabilitação dos habitats, que visou
reabilitar um troço do rio «considerado crucial para a migração» destas e
outras espécies, salienta uma nota ontem divulgada pelo MARE – Centro de Ciências
do Mar e do Ambiente.
Ricardo Busano | Diário de Coimbra