MONDEGO - Intervenção nos açudes deu nova hipótese às espécies migratórias
Tendo a Câmara Municipal de
Penacova como o primeiro impulsionador, uma conjugação de vontades e de
oportunidades permitiu que todos os açudes existentes a jusante da Barragem da
Raiva fossem intervencionados no sentido de possibilitar a subida de peixes
como o sável e a lampreia.
O resultado deste projecto,
concluído em Dezembro de 2015 foi ontem apresentado publicamente no Centro
Cultural de Penacova, onde teve lugar o colóquio “Reabilitação do Rio Mondego
para os peixes migradores: das palavras aos actos”, em que marcou presença o
secretário de Estado das Pescas, José Apolinário.
Uma oportunidade para o
governante saudar a forma como tantas entidades se juntaram (autarquias de
Penacova, Poiares e Coimbra, EDP, Universidade de Évora, Agência Portuguesa do
Ambiente (APA) e MARE), da mesma forma como destacou «as
boas práticas», nomeadamente ao nível da transferência de conhecimento académico
para os agentes locais.
Neste caso, uma equipa da
Universidade de Évora liderada por Pedro Raposo de Almeida, que já investiga o
rio e os seus peixes desde 1998, realizou um investimento de 1,38 milhões de
euros, criando condições para a passagem dos peixes migratórios em cinco
açudes, Formoselha, Palheiros, Louredo, Carvoeira e Penacova, dando seguimento
lógico à construção da escada de peixes do Açude Ponte.
Aliás, revelou o investigador,
desde essa primeira obra, «aumentou 30 vezes o número de larvas de lampreia no
rio». Com o edil de Penacova, Humberto Oliveira a salientar que se trata de
promover «a valorização dos nossos recursos», não só das linhas de água, como
da biodiversidade e do turismo», Manuel Machado, presidente da Câmara de
Coimbra, garantiu que «todos somos filhos deste rio e deste vale».
«Isto é o resultado de uma
conjugação de esforços», disse, garantindo que «o que está feito é muito
positivo e o trabalho tem de continuar».
Lembrando que a bacia do Mondego
tem de continuar a ser intervencionada, «incluindo o Ceira», Machado garantiu
que «estamos a fazer este caminho com muito gosto».
Já João Miguel Henriques, edil de
Poiares, frisou que «em boa hora o município foi parceiro deste projecto», na
medida em que «permitiu minimizar os efeitos da obra» do açude do Louredo.
Aliás, também Raposo de Almeida
defendia a demolição da estrutura, mas, como foi feita com fundos estruturais,
houve necessidade de encontrar uma solução de engenharia de compromisso.
Humberto Oliveira, na sua
intervenção de ontem, manifestou a vontade de continuar a valorizar a riqueza
que representam os rios Mondego e Alva, revelando que tem vindo a trabalhar na
preparação de novas candidaturas no âmbito do Portugal 2020.
«Iniciámos a luta contra uma
mini-hídrica na Foz do Caneiro», lembrou, salientando ainda que, com o projecto
agora concluído, «quanto às lampreias já fizemos parte do trabalho». Agora é
tempo de avançar, para «preservar os recursos naturais e as actividades
económicas» ligadas às bacias fluviais.
José Carlos Salgueiro | Diário de Coimbra