INCÊNDIOS - Biólogo de Penacova propõe criação de incentivos fiscais à compra de pequenas parcelas de terreno
A criação de incentivos fiscais à
compra de pequenas parcelas de terreno é uma das propostas do biólogo Carlos
Fonseca para as áreas devastadas pelos últimos incêndios, o que ajudaria a
travar o abandono do interior. “Há agora
muita gente a querer desfazer-se dos terrenos”, disse ontem à agência Lusa
o professor da Universidade de Aveiro, que, por indicação do Conselho de
Reitores das Universidades Portuguesas, integrou a Comissão Técnica
Independente que elaborou o relatório sobre os fogos que eclodiram em Pedrógão
Grande e Góis, no dia 17 de junho.
Nos últimos anos, Carlos Fonseca
tem apostado na recuperação de medronheiros espontâneos e na plantação de novas
áreas de medronhal, em 12 parcelas que possui no concelho de Penacova, que
totalizam 21 hectares e que foram dizimadas pelo incêndio de dia 15. Se, por um
lado, “há uma enorme desmotivação” dos
proprietários dos espaços florestais consumidos pelas chamas, designadamente
vizinhos seus do concelho de Penacova, no distrito de Coimbra, por outro, “não haverá pessoas para adquirir muitas
áreas”, afirmou. Na sua opinião, “falta
uma política fiscal para criar escala” e que promova a fixação de pessoas
nos municípios montanhosos do interior da região Centro, onde predomina o
minifúndio.
Nos últimos anos, Carlos Fonseca
apostou na “plantação ordenada” de
medronheiros e na recuperação de árvores antigas que já existiam nos seus
terrenos. “Fiz um grande investimento na
prevenção”, disse, ao lamentar ter perdido “centenas de milhar de euros” aplicados nos medronhais, além de
algumas colmeias.
Em maio, o também presidente da
Cooperativa Portuguesa de Medronho, com sede em Proença-a-Nova, apresentou, em
Albergaria-a-Velha, o que na altura, em declarações à Lusa, definiu como o “primeiro medronhal de produção certificado
do mundo”. Neste outono, pretendia colher os primeiros medronhos destinados
ao mercado de frutos frescos, nas explorações de São Pedro de Alva, entre os
rios Mondego e Alva, um sonho que viu fugir-lhe à passagem do fogo, que também
esteve a combater.
“O grau de desmotivação das pessoas é tal que há a possibilidade de
termos uma maior taxa de abandono” dos denominados territórios de baixa
densidade demográfica, face à probabilidade de os incêndios “poderem repetir-se com mais frequência”,
alertou.
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