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REPORTAGEM - “Miro, muito mais do que um lugar”

Para combater a desertificação desta aldeia, Manuel Nogueira, fundador e atual Presidente do Grupo de Solidariedade Social, Desportivo, Cultural e Recreativo de Miro, em conjunto com alguns amigos, resolveu dedicar-lhe toda a sua paixão e suor.
Estávamos na década de 70, quando Manuel Nogueira e alguns dos seus amigos, todos residentes na cidade de Coimbra, iam aos fins de semana para a aldeia de Miro, local que, como diz, era uma aldeia fantasma, onde nada havia para os jovens de divertirem, e então tudo começou por uma ideia de como passar o tempo, começando assim “com a criação de um grupo informal, designado por Grupo Aventura de Miro”, de acordo com Manuel Nogueira.

Pela paixão e determinação de mudar a aldeia e de criar espaços e projetos para a população, pouco tempo depois criaram um grupo mais ligado ao desporto, começando pelo Atletismo: “Depois passámos para o futebol, na década de 80”, afirma Manuel Nogueira, que na altura era atleta da Académica de Coimbra na modalidade de atletismo.

Através do gosto pessoal por estas modalidades, sentiram a necessidade de criar um grupo folclórico para ocupar as mulheres da aldeia: o Rancho Típico de Miro “Os Barqueiros do Mondego”, que ainda hoje está ativo.

Posteriormente, decidiram apostar na ação social e na solidariedade, com uma atenção específica à população mais idosa: “sempre foi uma área que me comove e mexe comigo. Estamos a falar dos nossos avós, dos nossos pais ou dos tios, que acabavam por não ter ninguém a tomar conta deles”, declara o fundador.


O processo para a aprovação foi demorado e só no ano 2000 é que o Grupo se tornou IPSS: “Nós já estávamos a pensar em desistir quando veio a notícia no Diário da República, e foi só ai que as obras arrancaram”, contextualiza.

Miro contém apenas cerca de 200 habitantes e, nesse cenário, uma instituição como esta assume uma especial importância. “O povo desta terra começou a acreditar muito no nosso potencial e que era possível que nós jovens conseguíssemos dinamizar a aldeia”, afirma Vítor Andrade, diretor do Departamento de “Projetos e Desenvolvimento”.

Quando o projeto teve inicio, a instituição abriu com quatro valências: a Creche, o Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e a Estrutura Residencial para Idosos.

Mais tarde, para o bom funcionamento do Grupo, foram criadas quatro áreas de funcionamento: a área da juventude e desporto ligada à parte desportiva para as modalidades de futsal, natação e atletismo e organização de campos de férias; também o apoio ao funcionamento, ligado à logística de transportes, à área da saúde, fisioterapia e cuidados médicos; ao departamento social que engloba o Complexo Social de Miro e o Centro de Atividades de Tempos Livres e, por último, o Departamento de Projetos e Desenvolvimento, virado para o desenvolvimento local.


Com o lema “Miro muito mais que um lugar”, além do Grupo, a aldeia conta com mais de cerca de 10 organizações para que todo o trabalho seja elaborado da melhor forma possível e para que ninguém fique de fora dos eventos.

Tendo em conta que o programa do “Miro muito mais que um lugar” já está agendado para todo o ano 2018, as datas mais importantes a destacar são: os dias 23, 24 e 25 de Março, altura em que se irá realizar-se o 68º Encontro de Autocaravanas em Miro; dia 1 de Abril, “Miro mais florido” com tapetes à entrada das portas no dia da visita pascal dia 7 e 8 de Abril, é comemorado o Dia dos Moinhos Abertos; dia 30 de junho, uma das festas mais emblemáticas da aldeia e do concelho, a “Festa do Barqueiro”, que decorre junto ao rio Mondego, a Festa da Broa, para os dias 15 e 16 de Setembro e, do dia 1 de Dezembro até ao dia 6 de janeiro de 2019, o “Miro aldeia presépio”.

A sua equipa, com aproximadamente 50 colaboradores preza um trabalho inovador e de união com toda a população envolvente. As pessoas que acreditam no projecto “Miro muito mais que um lugar” reúnem frequentemente em Assembleias Comunitárias, com o objetivo de discutir os assuntos, projetos e ideias que possam surgir e, para que o próprio povo tenha uma palavra a dizer.


Visto que o Complexo Social de Miro teve um grande crescimento nestes últimos anos, reforçou as suas valências, tendo mais de 200 pessoas em lista de espera para a Estrutura residencial para idosos, com capacidade para 44, o Apoio Domiciliário com uma capacidade de 30 utentes, assim como o Centro de Dia. A maior fatia vai para as atividades de tempos livres (C.A.T.L) que tem resposta para cerca de 55 pessoas.

Para o futuro, o projeto “Miro muito mais que um lugar”, apostando assim no desenvolvimento local e turístico da aldeia de Miro e do Concelho de Penacova, tem como principal foco criar sustentabilidade: “O nosso lema e visão é pegar naquilo que é visto como potencial e não está a ser bem explorado ou desenvolvido e darmos-lhe um outro sentido, com mais-valia para mostrar às pessoas o que podemos fazer”, afirma Rita Ribeiro, Animadora Socioeducativa da instituição, ligada ao desenvolvimento local. “Para isso contamos com todo o apoio e dedicação da população envolvente, assim como com a colaboração de todos os parceiros locais”.



Originalmente publicada na revista "Portugal Inovador" de março de 2018





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