OPINIÃO - É digna de vénia a Maria Joana


A Senhora, ainda, Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, é minha colega de curso.

Pessoa de aspecto frágil, boa aluna e boa pessoa, aplicada, transformou-se num ser muito incómodo num País atrasado.

Este Estado que querendo ser de direito, na ilusão, procura quase sempre caminhar torto, muito sinuosamente!

Já tenho dito – e escrito – que a corrupção é o inimigo primeiro da nossa democracia; é o seu cancro de estimação.

O Ministério Público deve, por vocação e estatuto, questionar os acontecimentos, independente dos actores; dar mão à ação penal, com a necessária urgência, doa a quem doer; pôr todos em igualdade; estar acima dos poderes instituídos; confrontar o poder político ... sucessivamente.

E não deve, nunca, pactuar com a impunidade ou dar a noção de que alguns podem desenvolver todas as vigarices que quiserem!

Ora, aqui chegados, há que saber reconhecer que a nossa PGR soube ocupar o seu cargo com humildade, mas com muita frontalidade ... e grande honestidade intelectual.

Soube dar a impressão de que, na nossa democracia, os poderosos também são investigados, punidos e, até publicamente exibidos quando isso é pedagógico.

O salto qualitativo observado no mandato que agora finda, não é só um salto na afirmação do MP; é, também, um passo enorme no sentimento geral do cumprimento da Justiça.

Portanto, agora, não vale a pena discutir se o mandato deveria ou não ser prorrogado, na justa medida em que isso é de somenos importância.
Importante é fixar que quem vier a seguir – e é outra nossa colega - encontra uma matriz de desempenho atuante, diligente e empenhado; encontra um MP revigorado; encontra gente sem medo, ainda que frágeis como o são todas as pessoas humildes.

Atrever-me-ia dizer que não mais a política vai ser capaz de capturar o Estado, como já fez num período muito próximo, que ainda cheiramos nas consequências!

... e isso é muito gratificante, Maria Joana.

Luís Pais Amante



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