INVESTIGAÇÃO - Penacovense integra equipa da FCTUC que desenvolve molécula natural para substituir o tóxico estireno
Pela primeira vez, foi desenvolvida uma molécula quase cem por cento natural
capaz de substituir o estireno, uma molécula
derivada do petróleo que está na base de materiais usados nas mais diversas
indústrias, por exemplo, naval, automóvel, embalagens e vestuário, mas que
apresenta elevada toxicidade.
| Ana Fonseca, Arménio Serra, Jorge Coelho, Mafalda Lima e Cátia Costa |
Os coordenadores do estudo, Ana
Fonseca e Arménio Serra (natural de Friúmes), esclarecem que «há
muito que a comunidade científica estuda uma alternativa ao estireno, um
composto considerado tóxico e bastante nocivo para o ambiente e para o ser
humano, tendo sido classificado como agente carcinogénico. Até aqui, as
tentativas de substituição do estireno não se mostraram satisfatórias
essencialmente por não assegurarem as melhores propriedades do material final.»
O maior desafio desta investigação foi
desenvolver uma molécula com base em produtos naturais, que possa ser utilizada
nas mesmas funções do estireno e que após os mesmos tratamentos possibilite a
obtenção de materiais com as mesmas
propriedades mecânicas e térmicas.
A nova molécula tem por base o «sobrerol, um composto de estrutura cíclica,
que pode ser obtido a partir da transformação de materiais extraídos da resina
do pinheiro. A preparação do sobrerol envolve também a utilização de dióxido de
carbono (CO2) como matéria-prima sendo uma importante mais-valia sob
o ponto de vista ambiental», descreve Ana Fonseca.
Para que a nova molécula garantisse as mesmas propriedades e
caraterísticas finais em tudo semelhantes às do estireno, a equipa teve de
modificar o composto de sobrerol através de reações específicas de engenharia
molecular.
Atualmente, o estireno é dos
compostos mais usados industrialmente, prevendo-se um crescimento no seu
consumo de 4,9% entre 2018 e 2023 (https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/styrene-market). Assim, a molécula inventada pela equipa da FCTUC
poderá ter um grande impacto na indústria. No entanto, é preciso «efetuar os necessários estudos de
desenvolvimento tecnológico para a sua aplicação», finalizam os
coordenadores da investigação.

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