GONDELIM - Povo reergueu-se da tragédia mas não volta a haver foguetes na festa
Assinala-se amanhã a passagem de um ano sobre a tragédia
do rebentamento de foguetes durante a festa desta pequena aldeia de Penacova.
As consequências humanas e materiais foram devastadoras.
Não é fácil apagar da memória da população de Gondelim,
Penacova, o som e imagem da tragédia que viveram há um ano. A 4 de abril de
2018 morreu um jovem de 29 anos (André Batista, de Torres do Mondego), que
manuseava foguetes de festa por conta da empresa Pirycantanhede, e ficaram
feridas 24 pessoas, incluindo cinco crianças.
Duas fortes explosões de material pirotécnico, que estava
junto à capela da aldeia – para ser utilizado depois da missa e procissão das
festas de Nossa Senhora da Moita – provocaram destruição de grande parte da
zona envolvente, incluindo um coreto. Levantou as telhas da capela, destruiu
parte do teto, danificou as paredes e estilhaçou vidros. Os estilhaços
atingiram cerca de duas dezenas de pessoas e o impacto da explosão danificou os
tímpanos de muitos que estavam próximo.
Um deles, com consequências que se arrastam até aos dias de hoje, é João Luís Quaresma, presidente da Filarmónica de Coja, concelho de Arganil. Era esta banda que fazia as honras musicais da procissão. O responsável encontrava-se junto ao coreto quando se deram as explosões. Foi atingido por estilhaços em todo o corpo e os tímpanos rebentaram.
Um deles, com consequências que se arrastam até aos dias de hoje, é João Luís Quaresma, presidente da Filarmónica de Coja, concelho de Arganil. Era esta banda que fazia as honras musicais da procissão. O responsável encontrava-se junto ao coreto quando se deram as explosões. Foi atingido por estilhaços em todo o corpo e os tímpanos rebentaram.
Conta que, agora, para adormecer todas as noites, tem de
manter a televisão ou o rádio ligados, para atenuar a zoeira permanente dos
ouvidos. Tanto ele como a instituição que dirige intentaram ações contra as
seguradoras da empresa pirotécnica e da comissão de festas, ainda sem resposta.
Instrumentos
e fardamento da banda destruídos
A banda filarmónica teve um prejuízo de cerca de 30 mil
euros, com a destruição de instrumentos e fardamento. Com o apoio da câmara de
Arganil (50% do total), bem como de juntas de freguesia, como Coja, Piódão e
Oliveira do Hospital, e empresas locais, todo o equipamento já foi reposto.
João Luís Quaresma faz questão de elogiar o empenho do
padre Daniel, de Coja, bem como da Comunidade Interparoquial; o maestro Daniel
Carvalho e todos os músicos.
O
dia a dia rural
Ontem, na aldeia que se prepara para reviver os dias de
fé da grande festa religiosa – que este ano se assinala a 24 e 25 de abril
(Quarta-feira dos Perdões) – imperava a paz e sossego dos dias rurais.
Todavia, ninguém se esquece do que viveu naquele dia 4 de
abril. A jovem Cátia Jordão explica que, quando chegou ao local, “estava tudo um caos, com pessoas deitadas
no chão e estilhaços por todo o lado”. A residente constata, contudo, que “um ano depois, o mais importante é a
capacidade de nos reerguermos, avançando logo para a recuperação da capela”.
Entre doações da população e de amigos, foi possível
reunir cerca de 30 mil euros, “investidos
nas obras de recuperação da capela, na vedação, pinturas, recuperação do órgão
e demolição do que restava do coreto”, esclarece o juiz da irmandade de
Nossa Senhora da Moita, Valdemar Jordão.
O bispo de Coimbra, Virgílio Antunes – que havia visitado
a povoação poucos dias depois da tragédia – regressou para a cerimónia em que
as portas da capela voltaram a abrir-se, no passado 27 de fevereiro.
António
Rosado – Diário As Beiras
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