SAÚDE - Suspeitas de doenças ligadas ao uso de cigarros eletrónicos devem ser comunicadas
Conselho da Sociedade
Portuguesa de Saúde surge na sequência do número crescente de casos de doença
respiratória grave, associada ao uso de cigarros eletrónicos, nos Estados
Unidos.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) recomendou
esta quarta-feira aos médicos que comuniquem às autoridades de saúde casos de
doentes com sintomas respiratórios agudos que suspeitem estar ligados ao
consumo do cigarro eletrónico.
Este conselho faz parte de um conjunto de cinco
recomendações emitidas hoje pela SPP na sequência do número crescente de casos
de doença respiratória grave, de causa desconhecida, mas associada ao uso de
cigarros eletrónicos, nos últimos dois meses nos Estados Unidos.
Até 6 de setembro as autoridades norte-americanas detectaram
450 casos e cinco mortes confirmadas, com uma apresentação clínica variada,
mas tendo como ponto comum a todos o uso de produtos relacionados com
cigarros eletrónicos (dispositivos, líquidos, cápsulas de enchimento e
cartuchos).
Até ao momento não se conhecem casos semelhantes fora dos EUA. No entanto, dada a grande disseminação destes produtos e fácil acessibilidade, é provável que surjam noutros países, incluindo Portugal”, adverte a SPP em comunicado.
Perante esta situação, os especialistas recomendam aos
consumidores de cigarros eletrónicos que desenvolvam sintomas respiratórios
agudos a procurar um médico e informá-lo sobre o produto que consomem.
Aconselham também os médicos que assistem doentes
com quadro clínico semelhante a “obter
informação detalhada sobre o uso destes dispositivos e comunicá-lo às
autoridades de saúde, em caso de suspeita”.
Advertindo que “o
uso de cigarros eletrónicos é perigoso e não é recomendado”, a SPP sublinha
que o seu consumo deve ser especialmente evitado por grupos mais vulneráveis,
como as crianças, adolescentes, adultos jovens, grávidas, idosos e doentes
respiratórios crónicos.
Alerta ainda que é “especialmente
perigosa a utilização de dispositivos adquiridos fora do comércio regulado, a
sua utilização modificada ou a adição de líquidos ou óleos contendo derivados
da canábis ou outros aditivos”.
Apesar de a investigação relativa a este surto nos EUA se
manter em curso, os especialistas reiteram “a convicção de que a melhor forma de proteger a saúde respiratória é
respirar ar limpo” e que “a inalação de compostos químicos presentes no
vapor dos cigarros eletrónicos representa um risco real”.
Os especialistas explicam que, apesar de variável, a
doença apresenta algumas características comuns: sintomas respiratórios (tosse
seca, falta de ar, opressão torácica), sintomas s (náuseas, vómitos
ou diarreia) e sintomas gerais (febre, perda de peso, fadiga).
“É muito relevante
que as idades afetadas são bastante jovens e um terço tem menos de 18 anos (na
série publicada variaram entre 16 e 52)”, referem no comunicado, adiantando
que quase todos os casos reportados necessitaram de hospitalização, cerca de um
terço com ventilação mecânica e nalguns casos até oxigenação extracorporal por
membrana.
Apesar do número de dispositivos e líquidos diferentes
disponíveis no mercado ser elevado, em cerca de 80% dos casos os doentes
consumiram produtos com nicotina e derivados da canábis, como o
tetrahidrocanabiol (THC) ou o canabidiol (CBD).
Segundo a SPP, desconhece-se se a doença é provocada por
toxicidade de algum destes compostos, por aditivos ou contaminantes
desconhecidos ou por outras substâncias formadas quando se dá o aquecimento e
vaporização dos líquidos.
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