RECURSOS HIDRICOS - Armazenamento de água desceu em todas as bacias hidrográficas em setembro
A quantidade de água armazenada desceu em setembro em
todas as bacias hidrográficas, tal como já tinha sucedido em agosto, segundo
dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).
De acordo com os dados disponíveis esta terça-feira, no
último dia do mês de setembro e comparativamente ao último dia do mês
anterior verificou-se uma descida do volume armazenado de água em todas as
bacias monitorizadas pela Associação Portuguesa Ambiente.
Das 59 albufeiras monitorizadas, 26 apresentaram
disponibilidades hídricas inferiores a 40% do volume total e quatro superiores
a 80%.
A bacia do Sado (28,1%) era a que apresentava
no final de setembro menor disponibilidade de água, seguido do
Barlavento (34,4%), do Ave (40,5%), Arade (41,8%), Oeste (41,9%), Mira (47,9),
Lima (52,5%) e Tejo (58,8%).
As bacias do Cávado (64,3), Douro (62,8%),
Mondego (62,7%) e Guadiana (62,5%) tinham os níveis mais altos de
armazenamento no final de setembro.
As albufeiras com menor disponibilidade de água
situavam-se em setembro nas bacias do Guadiana e do Sado.
Na bacia do Guadiana, a albufeira de Lucefit (Alandroal,
distrito de Évora) estava em setembro com 4,8% de disponibilidade de água e
Abrilongo (concelho de Campo Maior, distrito de Portalegre) com 5,6%.
No Sado, a albufeira de Campilhas (concelho de Santiago
do Cacém, em Setúbal) estava em setembro com 7,2% de disponibilidade de água e
Monte da Rocha (concelho de Ourique, em Beja) com 8,8%.
Os armazenamentos de setembro de 2019 por bacia
hidrográfica apresentaram-se inferiores às médias de setembro (1990/91 a
2017/18), exceto para as bacias do Cávado, Ribeiras Costeiras, Douro, Mondego e
Arade.
A cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que
uma albufeira.
Portugal continua a consumir mais água do que deve
Portugal continua a consumir mais água do que devia,
pondo em risco a adaptação às alterações climáticas, alertou esta terça-feira a
organização ambientalista ANP/WWF.
A Associação Natureza Portugal (ANP), uma organização
não-governamental portuguesa que trabalha em associação com a internacional
World Wide Fund for Nature (WWF), deixa o alerta quando se comemora o Dia
Nacional da Água, lançando também um relatório sobre a “Vulnerabilidade de Portugal à Seca e Escassez.”
No documento, a ANP/WWF frisa que os ecossistemas
aquáticos saudáveis são os melhores aliados para enfrentar o aumento das temperaturas
e menos chuvas, pelo que preservá-los deve ser “uma prioridade”.
A ANP/WWF chama a atenção para as crescentes “situações estruturais de escassez” de
água, especialmente no sul do país, e diz que o cenário se pode agravar.
O país não pode gerir a falta de água com reações a
emergências quando há secas mas tem de se focar na redução de consumos e
aumento da eficiência no uso da água, diz a ANP/WWF, salientando que “conservar e reabilitar ecossistemas
aquáticos saudáveis é a primeira arma de defesa contra os impactos das
alterações climáticas”.
No relatório sobre a vulnerabilidade de Portugal à seca a
associação propõe que os empresários integrem a gestão da água na cadeia de
valor da empresa e que diversifiquem os abastecimentos, incluindo reutilização
de águas residuais.
Aos decisores políticos sugere que também diversifiquem
as origens de abastecimento, fomentem a eficiência de regadios, e condicionem
a atribuição de subsídios agrícolas ao bom uso da água.
E aos cidadãos que reduzam os consumos em permanência e
optem por consumir produtos de reduzida pegada hídrica.
A ANP/WWF, em conjunto com a WWF de Espanha, fazem também
hoje um comunicado conjunto no qual reforçam que os governos da Península
Ibérica devem adotar “uma gestão
preventiva das secas”, em detrimento da atual “gestão reativa baseada em medidas urgentes e isenções excecionais”.
As duas organizações salientam a necessidade de se apoiar
uma cultura de poupança e uso eficiente da água que se
estenda a todos os utilizadores.
Em relação à seca, a ANP/WWF alerta que no Alentejo
e Algarve já há “impactos significativos ao nível da perda de rendimentos nas
colheitas de outono/inverno e pastagens, e dificuldade na alimentação de gado”.
Afonso do Ó, especialista da ANP em água, diz, citado
também no comunicado, que “as
autoridades hídricas devem deixar de financiar novos regadios em zonas de
escassez, e globalmente sempre que não garantam sistemas de uso eficiente e
frugal da água, bem como continuar a melhorar a monitorização da água, para
permitir uma melhor prevenção dos impactos da seca com base na tomada de
decisões informada.”
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