SUGESTÕES - Penacova tem segredos por descobrir, num património imenso
Há tesouros escondidos nas serras do concelho de Penacova. Mas para os conhecer é preciso chegar e perder-se entre vales, entre a serra e o rio, deixar o verde da paisagem invadir os sentidos. É assim Penacova, terra de miradouros e penedos, de moinhos e azenhas, de vento e água.
Patrícia Cruz Almeida – Diário As Beiras
De Penacova há vários presentes que podem oferecer-se, até porque ali muitos são os artesãos, grupos etnográficos e associações locais que mantêm acesas as artes e tradições mais antigas, nomeadamente, o fabrico manual de palitos.
De Penacova há vários presentes que podem oferecer-se, até porque ali muitos são os artesãos, grupos etnográficos e associações locais que mantêm acesas as artes e tradições mais antigas, nomeadamente, o fabrico manual de palitos.
Segundo a tradição, a manufatura dos palitos teve a sua
origem no Mosteiro de Lorvão, estendendo-se depois às povoações vizinhas.
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, a
atividade paliteira alargou-se para fora das suas paredes. Esta pequena indústria
dos palitos ocupava muita gente porque era uma atividade que podia ser feita
sem grande esforço e podia ser conciliada com outras atividades. O Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da DGPC refere que a manufactura teve
tanta “saída” que, em 1898 chegou a abrir em Lorvão uma agência para exportação
dos palitos que abrangia países europeus como a Espanha e Inglaterra, os
antigos territórios ultramarinos e as Américas, onde os palitos portugueses
apareciam no Panamá, Brasil e México.
De pá e bico ou artísticos, de flor ou pestana, o
fabrico de palitos teve origem no Mosteiro de Lorvão, já que as freiras os
produziam para decorar bolos e doces.
Passariam, posteriormente, a ser
produzidos pelas populações locais e vizinhas.
Hoje, com recurso a madeira de salgueiro ou choupo, há artesãos que criam artefactos de madeira representativos do património do concelho, como a azenha, o moinho ou a barca serrana.
Hoje, com recurso a madeira de salgueiro ou choupo, há artesãos que criam artefactos de madeira representativos do património do concelho, como a azenha, o moinho ou a barca serrana.
Doces
conventuais
O Mosteiro de Lorvão foi, no século XIII, uma congregação
feminina da Ordem de Cister, que se dedicou ao fabrico de alguns dos melhores
doces do nosso portefólio conventual. Hoje, a Pastelaria O Mosteiro, bem perto
do monumento, permite conviver com alguma dessa herança gastronómica. Ali é
possível provar doçuras únicas: beijinhos de freira, lampreia doce de Lorvão,
manjar branco, papos de anjo, pastéis de Lorvão, as nevadas ou as queijadas.
Todos eles são uma oferta que agradará até os menos gulosos.
Pastéis de Lorvão
Os Pastéis de Lorvão são uma das famosas criações das freiras do Mosteiro de Santa Maria do Lorvão, que segundo Nelson Correia Borges, contêm dois dos seus ingredientes preferidos: a amêndoa, provável herança árabe na doçaria portuguesa, e canela, a conhecida especiaria oriunda do Ceilão (hoje Sri Lanka).
Lampreia doce de Lorvão
Em Portugal, a lampreia doce, ou lampreia de ovos, é uma sobremesa tradicional no Natal e na Páscoa. A receita que aqui se apresenta dá origem a uma lampreia deliciosamente apetecível, sendo um dos doces finos criados pelas hábeis mãos das freiras do Mosteiro do Lorvão, no concelho de Penacova, distrito de Coimbra.
Arroz
de míscaros e de lampreia
“Saborear” Penacova é também desfrutar de outros
deliciosos sabores da gastronomia local. Do Mondego, chegam os peixes do rio,
mas é a lampreia que move milhares de apreciadores até Penacova todos os anos.
Dos campos, os ingredientes para as migas e para o arroz de míscaros e de
lampreia. A chanfana, prato típico da região, é também rainha na mesa de
Penacova. Um almoço, com visita sobre o rio, é um presente que cai sempre bem.
Depois do repasto, fica uma sugestão: viajar até ao
núcleo da Serra de Gavinhos, em Figueira do Lorvão, que reúne 14 moinhos de
vento. E visitar, também, o Museu do Moinho Vitorino Nemésio, na Portela de
Oliveira (Sazes de Lorvão), que homenageia Vitorino Nemésio, que lhe dá o nome,
e permite que quem o visite observe um magnífico espólio dedicado àquela arte
ancestral. O bilhete normal custa dois euros, mas é grátis no primeiro domingo
de cada mês e para crianças até 12 anos.
Desde o verão é possível subir a bordo da barca “Tareco”, um projeto “Serranas do Mondego”. Victor Seco e Fábio Nogueira dão a conhecer a história de Penacova, ao longo de três percursos que podem ser enriquecidos com experiências – uma degustação de produtos regionais, um momento musical, uma palestra.
Para dar forma a este projeto, encomendaram a um
carpinteiro uma réplica de barca serrana que difere da original devido ao motor
elétrico que lhe permite navegar sem ruído. E criaram o projeto “Serranas do
Mondego” em homenagem a dois antepassados que eram barqueiros. Uma viagem no
“Tareco” com direito a degustação de produtos regionais ou a um momento musical
parece-nos uma boa prenda de Natal. Vamos a isso?
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