REFLEXÕES - O Natal da beira rio
Cá,
longe de mais da minha terra amada, eu vou dando conta da aflição das Pessoas
que vivem nas beiras do nosso Mondego: o Basófias!
E
lembro-me bem do que acontecia antes da construção da Barragem da Aguieira ...
De
vez em quando, o Mondego irritava-se e vai de despachar a água que lhe chegava oriunda
das chuvas mais ou menos controladas no tempo e no espaço;
E
também me lembro do Bico da Lapa a nadar, literalmente, do Penedo da Viúva
absolutamente escondido, do Largo da Igreja, na Carvoeira, com barcos atracados
na casa dos meus avós maternos.
Mais
ou menos por esta altura do ano, os nossos conterrâneos da beira rio, andavam
com o coração nas mãos e, por vezes, as cheias eram tão violentas que lhes
levavam os bens e eles ficavam cientes de que o resto do ano iria ser de
grandes dificuldades.
Aliás
de grande dificuldade, na dificuldade triste que significava, normalmente, as
suas vidas tristes de pobres, mas felizes na dignidade!
Havia
os Guarda Rios – função que estes tempos aloucados descartaram – e também havia
uma certa Hidráulica do Mondego, por vezes de má memória nas “ajudas” a certas
construções edificadas na bacia do nosso Mondego colectivo.
A
verdade é que, ao que parece, estas unidades simplificadas conseguiam apoiar as
pessoas e, de quando em vez, conseguiam mesmo prevenir e antecipar as raivas do
Basófias, evitando males maiores.
Eu
não quero dizer que a Aguieira faz mal, nem que os tempos são hoje piores;
longe de mim tal pensamento.
Mas
quero discutir, aqui e agora, o que é que andam a fazer as nossas Autoridades?
Então,
hoje, passa-se de uma situação de seca severa para uma situação de barragem a
transbordar, assim, sem previsão é sem prevenção?
Não
anda por aí um Ministério dito do Ambiente e uma dita APA e um sem número de
serviços, servicinhos e servições, alojados numa dita Proteção Civil, cujo trabalho
– e orçamento - só se entende se for para estudar, ajudar, prevenir e ...
pensar?
Se
sim, como penso toda a gente estar de acordo, quais são, objectivamente, as
entrupias que fazem com que a Barragem da Aguieira – que é como quem diz a EDP –
transforme o ancião despacho da água do maior rio português de Portugal num
autêntico vómito intoxicante de hectolitros do líquido precioso.
Ou
será que alguém acredita que os acontecimentos em curso têm alguma coisa a ver
com as cheias do passado?
A
questão que Vos deixo para reflexão informada é a que coloca o problema da
responsabilização destas gentes que inundam o aparelho do Estado, e deixam que
as coisas más aconteçam assim: sem controle de espécie alguma!
E
uma outra: então ainda não houve tempo nem dinheiro para se acautelar esse
património do rio chamado de Santa Clara a Velha?
O
dinheiro foi todo para as dragagens apressadas, lá para Coimbra?
Outra
questão pertinente:
Vão
ser os Municípios onde vivem as Pessoas da beira rio (penso em Penacova e
Montemor-o-Velho) a suportar os custos da reposição das situações colapsadas
(infra-estruturais, patrimoniais, etc)?
...
e alguém faz ideia se esses custos são suportáveis?
Pois
é, eu acho, definitivamente, que o não são ...
Luís
Pais Amante
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