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ILUSTRES [DES]CONHECIDOS - Alberto José da Silva Sousa Leitão (1844-1889)



Alberto Leitão nasceu em Paredes, freguesia de Oliveira do Mondego (Oliveira do Cunhedo), no dia 14 de Fevereiro de 1844.

Seus pais: David Ubaldo da Silva Leitão e Maria do Espírito Santo Sousa e Almeida. Casou com Maria da Assumpção da Cunha e Sousa, natural de Souselas, em 1872.

Alberto Leitão estudou Direito em Coimbra, seguindo as pisadas de seu pai. Iniciou a carreira jurídica na Lourinhã como Juiz, mas acabou por se fixar em Penacova exercendo a advocacia.

Foi Procurador à Junta Geral do Distrito. Em 1874 foi eleito Vice-Presidente da Câmara e, em meados de  1876 ascendeu a Presidente. Esteve à frente do Município durante dez anos, até finais de 1887. Entretanto, fora nomeado Delegado do Procurador Régio na Comarca de Aveiro, lugar que ocupou até à data da sua morte.

A dedicação à política autárquica ficou desde muito cedo marcada pela redacção das Novas Posturas Municipais, aprovadas em 1876,  instrumento político-administrativo considerado como decisivo para a modernização da gestão autárquica. Lima Duque, no discurso de homenagem em 1895, afirmou que o concelho só entrara "em plena civilização moderna pelo braço audaz de Alberto Leitão”.

A ele se deve a primeira estrada macadamizada no concelho, ligando a vila de Penacova a Souselas, passando por Figueira de Lorvão e Botão. Zelou também pelo abastecimento de água à vila, mandando construir um fontanário municipal. A limpeza de “ruas urbanas”, a “remoção de depósitos insalubres”, a reparação de fontes e de caminhos vicinais foram algumas das suas preocupações. No entanto, terá sido no campo da instrução pública que a sua acção mais se notabilizou, criando escolas e apoiando “os seus servitas, tão injustamente esquecidos pelos poderes públicos”, no dizer do Prof. João Gama Correia da Cunha na referida homenagem em 1895.

Pouco depois da sua morte, com apenas 45 anos, a Câmara de Penacova deliberou colocar o retrato do antigo presidente na sala das sessões. Só passados 6 anos se concretizou esse acto de homenagem. Foi em 7 de Janeiro de 1895, sendo Presidente Joaquim António Tenreiro, que se realizou uma sessão solene, presidida pelo Dr. José Pereira de Paiva Pitta, lente catedrático de Direito e secretariada pelo Padre José Maria da Conceição Leite e pelo prof. António Maria Ferreira Soares.

Coube ao Dr. Júlio Ernesto de Lima Duque fazer o elogio do homenageado. Usaram da palavra o “orador sagrado” Reverendo Eduardo Augusto Rodrigues, o Delegado do Procurador Régio na Comarca de Penacova, Luís Duarte Sereno, o prof. João Gama Correia da Cunha e o Conselheiro Alípio Leitão, irmão de Alberto Leitão e chefe concelhio do Partido Progressista.

Lima Duque classificou-o como “funcionário austero” e “político audaz”, dizendo que, nos dez anos de mandato “traçou um programa de administração” que ainda, à data, podia “guiar os mais escrupulosos”. O “zelo e a probidade” formaram a “pedra angular do seu regime municipal” e o bem público constituiu “o seu farol governativo”.

Também na qualidade de Delegado do Procurador Régio na Comarca de Aveiro foi reconhecido como “ilustre e integérrimo” elemento da magistratura judicial. A sua morte foi “geral e profundamente sentida”, tendo a cidade ficado “dolorosissimamente impressionada” – escreveu o jornal “Campeão das Províncias” de 1889.

Alberto Leitão morreu no dia 28 de Junho de 1889. Refere a imprensa da época que o funeral, realizado em Aveiro, teve a presença das pessoas “mais gradas” da cidade e que a chave da urna fora conduzida pelo Juiz do Tribunal Administrativo, Francisco Couceiro da Costa.

“O seu nome (…) há-de ser amanhã e sempre relembrado e repetido com veneração pelas gerações sucessivas dos filhos de Penacova” – disse Lima Duque em 1895. Da sua vida e obra poucos (e pouco) saberão hoje, mas o seu nome continua  gravado na toponímia da sala de visitas da vila de Penacova, o Largo Alberto Leitão.

>> DAVID GONÇALVES DE ALMEIDA

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