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REFLEXÕES - Consequências e Implicações do Envelhecimento Populacional



Portugal é um país envelhecido… Esta é uma realidade que ao início pode custar a assimilar, mas basta sair à rua e observar aqueles com quem nos cruzamos para concluirmos que esta afirmação traduz um dado mais que adquirido.

É certo que este não é um problema exclusivamente de Portugal. A exceção à regra reside nos países em desenvolvimento pois a tendência aqui é a de que a população continue a crescer exponencialmente. Contudo, a maioria das sociedades desenvolvidas tende a ver a sua população estagnar ou até mesmo decrescer.

E no caso concreto de Portugal, o grande problema está no facto do decréscimo da população portuguesa se dever essencialmente à emigração e não tanto à mortalidade. Considerando este cenário, percebemos que, com a população e a mortalidade a diminuírem, a população portuguesa está a envelhecer a passos largos, visto que esta diminuição da população se deve à emigração para outros países, onde os portugueses vão em busca de novas oportunidades para o seu futuro.

E neste contexto, surgem consequências do peso crescente dos grupos etários dos idosos (75-85 Anos) e dos muitos idosos (+ de 85 Anos) que são:

Consequências Económicas
- Diminuição da população produtiva; -Aumento da população dependente; -Aumento das despesas com a segurança social

Consequências Sociais
- Menor mobilidade social, isto é, há menos indivíduos qualificados, existem alterações das relações profissionais( Individuo na função pública ou no privado com muitos anos não deixa subir os colegas mais novos; existem alterações das relações familiares( Seria importante manter o idoso no domicílio, mas as famílias não têm disponibilidade de tempo para cuidar do mesmo); surge o conflito de gerações ( Os filhos saem mais tarde de casa dos pais, principalmente, os filhos homens, criando problemas de espaço e convivência, o que demonstra que o papel dos avós está a adulterar-se na família portuguesa, sendo considerados os idosos como a geração de sacrifício)e nesta circunstância, surge uma maior necessidade de assistência aos mais velhos através de respostas sociais diversificadas.

Consequências Sanitárias
- Aumento da população doente ou em risco, ou seja, os últimos anos de vida são muitas vezes acompanhados, apesar dos enormes progressos da medicina nas últimas décadas, por aumento das situações de doença e de incapacidade;
- Aumento do consumo de cuidados primários, na medida em que viver mais anos, morrer com uma idade mais avançada pode implicar mais cuidados de saúde;
- Aumento de Cuidados Diferenciados com a necessidade de cuidados hospitalares;
- Aumento da necessidade de pessoal e de Instituições Especializadas.

Consequências Éticas
- Problema do doente crónico e terminal
- Problemática da morte

É que pese embora todos os progressos da Medicina na segunda metade do século XX, a longevidade crescente e o aumento das doenças crónicas conduziram a um aumento significativo do número de doentes que não se curam. O modelo da medicina curativa, agressiva, centrada no ataque à doença não se coaduna com as necessidades deste tipo de doentes, necessidades estas que têm sido frequentemente esquecidas.

A doença terminal e a morte foram hospitalizadas e a sociedade em geral aumentou a distância face aos problemas do final de vida. As questões em torno da morte e que interessam a todos, constituem ainda hoje um tema tabu.

Na verdade, estas consequências do envelhecimento populacional são universais, todavia, existem aspectos particulares, resultantes das diferentes politicas económicas e culturais dos vários países que influenciam este acontecimento.

Por isso, é crucial que cada um de nós esteja desperto para os problemas que surgem com o envelhecimento, nomeadamente:
- A ocupação profissional do idoso face à rapidez da evolução dos conhecimentos e tecnologias;
- A idade da reforma, como reflexo das crescentes dificuldades financeiras com a segurança social de um grupo em constante crescimento;
- O suporte assistencial, familiar e/ ou institucional;
- A necessidade de cuidados de saúde diferenciados para um grupo de risco por perda de autonomia ou maior susceptibilidade à doença;
- E as questões éticas decorrentes de situações de doença crónica ou terminal ou de morte, que assolam maioritariamente o grupo dos idosos.

Estes problemas constituirão seguramente motivo de reflexão e campo de experiências, não num futuro próximo, mas já. E por hoje é tudo. Termino esta minha crónica com o poema de Bastos Tigre, “Saber Envelhecer”

SABER ENVELHECER

Entra pela velhice com cuidado
Pé ante pé sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado
Sonhos de glória, ilusões de amores

Do que tiveres no pomar plantado
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.

Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde.
Luta contra as tibiezas da vontade!

Que a neve caia! O teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude!

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