COVID 19 - Estudo internacional avalia o impacto da pandemia na exaustão parental
Um consórcio internacional, que reúne cientistas de 40
países, incluindo Portugal, está a estudar o impacto da COVID-19 na satisfação
e exaustão parental no mundo. O objetivo desta investigação transcultural é
aumentar a compreensão dos fatores que dificultam ou ajudam os pais e mães a
lidar com o stresse resultante da necessidade de conciliarem múltiplas tarefas
em situação de confinamento.
As implicações da pandemia que enfrentamos, «especificamente
o confinamento a casa, o isolamento social, o encerramento das creches,
jardins-de-infância e escolas, o teletrabalho, o lay off e os despedimentos,
vieram colocar novos desafios ao exercício da parentalidade e da
coparentalidade», afirma Maria Filomena Gaspar, investigadora do Centro de
Estudos Sociais (CES) e professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da
Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), que coordena o estudo em
Portugal, em conjunto com Anne Maria Fontaine, professora emérita da
Universidade do Porto (UP).
Estes desafios, acrescenta a especialista em Psicologia da
Educação da UC, «resultam das múltiplas tarefas que têm de conciliar (funções
parentais habituais, apoio ao ensino escolar em casa, trabalho em casa, aumento
das horas despendidas em tarefas domésticas) numa situação de confinamento que
é nova e, para muitos pais, acompanhada de grandes desafios financeiros e da
antecipação de dificuldades no futuro».
A equipa solicita a participação de pais e mães neste estudo
através do preenchimento de um questionário, disponível em: https://inqueritos.ces.uc.pt/index.php/293452.
É feito um apelo especial aos pais para responderem, «pois habitualmente são as
mães que mais participam neste tipo de investigação, o que gera uma lacuna na
compreensão da satisfação e exaustão parental dos homens». A única condição é
ter pelo menos 1 filho(a) a viver em casa, qualquer que seja a idade.
Maria Filomena Gaspar explica que «há fatores que podem
ajudar os pais e mães a lidar com o stresse resultante da necessidade de
conciliarem múltiplas tarefas em situação de confinamento, enquanto outros
podem dificultar. No primeiro grupo inclui-se a existência de um/a
companheiro/a que partilha as tarefas e de momentos em que os pais/mães se
autocuidam, por exemplo, enquanto no segundo grupo podemos considerar a
existência de uma criança com problemas de comportamento ou hiperatividade ou
uma mãe/pai muito autoexigente consigo mesmos».
Este é o segundo grande estudo conduzido pelo consórcio
internacional que investiga o burnout parental (IIBP: InternacionalInvestigation of Parental Burnout) e que é liderado por Isabelle Roskam e Moïra
Mikolajczak, da Universidade de Louvain, na Bélgica.
O objetivo deste grupo de cientistas é estudar a validade
conceptual, prevalência e variação intercultural do burnout parental em todo o
mundo.
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