ENSINO - Pais de alunos com necessidades educativas especiais preocupados com o regresso às aulas
Os pais de alunos com necessidades educativas especiais
manifestaram hoje a sua preocupação com o regresso às aulas presenciais, em
frente ao Ministério da Educação, criticando a falta de apoios e de condições
de segurança.
Numa ação promovida pela Federação Nacional de Professores
(Fenprof), em colaboração com a Confederação Nacional dos Organismos de
Deficientes (CNOD) e a Associação Portuguesa de Deficientes, cerca de 20
pessoas juntaram-se à porta do Ministério da Educação para denunciar a falta de
condições necessárias para apoiar estes alunos no próximo ano letivo.
Mafalda Santos, mãe de uma criança com autismo, considerou
que as orientações emitidas pela tutela são insuficientes e, se não forem
revistas, não transmitem aos pais a confiança necessária para o regresso às
escolas.
Entre as principais dificuldades, Mafalda Santos referiu a
falta de recursos e de profissionais para assegurar o acompanhamento
personalizado dos alunos, o elevado número de alunos por sala de aula.
Também Susana Oliveira, mãe de um jovem com epilepsia,
admitiu estar apreensiva com o regresso em setembro.
“É muito importante voltarem para a escola, mas em
condições. E a segurança, neste momento, é um bocadinho escassa”, lamentou
Susana Oliveira, considerando que as orientações do ministério transmitem falta
de conhecimento sobre as dificuldades destes alunos.
Segundo as duas mães, a falta de recursos é um problema
antigo no ensino inclusivo, mas no contexto atual da pandemia da covid-19, e
depois de mais de três meses a serem acompanhados à distância, a situação
destes alunos torna-se mais urgente.
Durante o protesto, as preocupações das famílias foram
acompanhadas pelos representantes dos professores e para o secretário-geral da
Fenprof as crianças com necessidades educativas especiais foram as mais
prejudicadas pelo ensino à distância e são também aquelas que precisam de um
maior reforço de condições no regresso, em setembro.
“Se as condições que as escolas têm para dar resposta à
generalidade dos alunos já são deficientes, então quando falamos em alunos com
necessidades educativas especiais que têm de ter respostas acrescidas e
condições de segurança sanitária reforçadas, nós percebemos que isso não está a
acontecer”, sublinhou Mário Nogueira.
Desde que foram conhecidas as orientações do Ministério da
Educação para o próximo ano letivo, a Fenprof tem sido uma voz crítica,
denunciando o que considera serem condições de segurança precárias.
No caso concreto dos alunos com necessidades educativas
especiais, o dirigente sindical refere, por exemplo, a necessidade de outro
tipo de equipamentos de proteção individual, de contratar mais docentes e mais
assistentes operacionais e de reduzir o número de alunos por turma.
“Esses alunos terão de regressar ao ensino presencial, o
que é necessário para que eles regressem é um reforço efetivo de recursos”,
afirmou Mário Nogueira, considerando que, neste caso, as próprias escolas são
quem melhor conhece as necessidades em cada caso.
Este ano, Mafalda Santos optou por retirar a filha do ensino
regular e inscrevê-la numa escola direcionada para o ensino especial. “Vão
ser cinco alunos por sala, com dois professores e dois auxiliares”,
comentou, comparado com a realidade das escolas públicas.
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