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OPINIÃO - Vamos lá falar sobre o Ténis!


O Ténis vai abrir ao público, ouvi eu dizer, recentemente; o Ténis está lindo de morrer, vi eu com estes meus olhos nas fotografias respectivas e posso, portanto, afirmá-lo.

... e passou tanto tempo, entretanto, desde que ficou inoperacional ...
... e houve, pelo menos, 2 gerações de Penacovenses que dele não puderam usufruir ...

Trata-se de um espaço público que existiu desde que eu me lembro de existir; muito antigo; guarida para os Aristas de que tanto se fala hoje, que ali praticavam ténis, aquele desporto que, há época, ninguém se lembraria de encontrar numa Terra tão interior assim como a nossa e que não deixava de espelhar um elitismo sem ligação à realidade.

No meu tempo (a partir do momento em que comecei a jogar à bola, ali por volta de 1966), o Ténis, na verdade, já se tinha esquecido das redes divisórias do campo e já ninguém se lembrava que as regras previam que estivessem esticadas à altura de 1, 07 metros, ou do que era a cinta ou a banda.

Tínhamos um belo pelado com umas covas mais ou menos pequeninas; tínhamos, de vez em quando umas balizitas; também tivemos, a partir de certa altura umas casitas de banho, sem banho.
Ou seja,
Não tínhamos quase nada, mas o Ténis era melhor do que o Campo do Reconquinho (onde hoje é o Parque de Campismo da Federação), que era lavrado.
E melhor do que o Campo do Chaínho (hoje parte do Campo do Mocidade), onde para jogarmos tínhamos que ir de manhã e roçar as silvas e os tojos e, e, e...
E melhor do que o Campo da Escola Maria Máxima,  que tinha oliveiras no meio, por vezes inultrapassáveis, pura e simplesmente.

O Ténis, com o tempo (já anos 70) perdeu, por completo a visita das raquetes e passou por fases diversas, umas melhores, outras piores.

Quando eu frequentava o colégio (Externato Príncipe das Beiras) o Ténis dava casa ao futebol dito de salão sem sala, de que já falaremos melhor, mas especializou-se em “campo das namoradas”, porque era esse o local (a par com o Mirante) mais discreto que havia em Penacova para nós (e recordo aqui, TODAS e TODOS, sem dizer nomes, para não ofender as nossas memórias) iniciarmos as experiências de uns beijinhos, de uns apalpõezinhos, etc, etc, etc.

De manhã aberto para os namoricos; à tarde para o dito futebol ... e à noite para tudo o que possamos imaginar, uma vez que era um espaço aberto, sem controle e muitas vezes sem luz.

As lâmpadas iam sendo postas e partidas; as floreiras iam sendo construídas e rebentadas; as balizas iam sendo colocadas e destruídas.

Isto para não falar dos palcos onde em Julho/Agosto actuavam as Marias Albertinas daquele tempo, ou os Grupos de Baile do concelho: Azes do Ritmo, Estrelas do Ritmo; Irmãos Simoes e outros de que não me lembro agora.

Esses palcos ficavam (como a Ponte do Reconquinho) à espera que alguém os levasse e, na verdade, era mesmo preciso destruí-los e levá-los para que o regresso do futebol fosse possível.
A malta do nosso tempo também era composta por “boas peças”, relembremos.

Regressando ao futebol, o certo é que dali saíram grandes jogadores, muitos que vieram a federar-se e a jogar em Equipas do melhor que havia na nossa região: União Futebol Clube (onde, modéstia à parte, fui campeão distrital); Associação Desportiva de Chelo; União Desportiva Lorvanense; Associação Desportiva e Cultural de São Pedro d’Alva; Argus; Ançã; Tondela; Poiares; Oliveira do Hospital; Anadia, entre outros.

Os jogos eram muito aguerridos; as histórias davam para encher muitos livros. Mas fica só uma história que se repetia o ano inteiro: jogos Penacova/Cheira, que nunca tinham fim, pois terminavam quase sempre à bofetada e ao pontapé, porque no suposto fim do tempo, ninguém queria perder.

Figuras dessas equipas: Abílio e Quim Penso (que começaram a jogar na Vila e, depois, se passaram para a Cheira) Valdemar Amante, Mário do Guarda; Tó Peneira, Zé Paralta, Jori, Luís Viseu, Duarte Pimentel, Luís Amaral, Ercilio, Orlando, Artur Paiva, Quim Flórido, Tó Ferreira e outros de que não me lembro agora, mas que são igualmente importantes para a história do nosso Ténis.

Concluindo:

PARABENIZEMOS a reabertura e aqueles a que ela fica associada!
FAÇAMOS DESEJOS para que um local tão aprazível -e único- como o Ténis sempre foi, NUNCA MAIS deixe de cumprir a sua missão ao serviço da nossa Juventude!
SEJA PORQUE MOTIVO FOR!!!

Luís Pais Amante

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