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PATRIMÓNIO - Barca Serrana recria tradição do Mondego e recuperou o grito “Ó da roda”.

Mentores do projecto “Serranas do Mondego”, Vítor Seco e Fábio Nogueira são os novos barqueiros do Mondego, promovendo passeios turísticos no rio. A Praia Fluvial do Reconquinho é o ponto de partida


Quando Vítor Seco, que assume o papel de guia turístico e segue a bordo da barca serrana, grita “Ó da roda”, João Seco é célere a dar à manivela com o firme propósito de garantir que uma pequena parte da reconvertida ponte pedonal da Praia do Reconquinho, em Penacova, seja levantada e torne possível a passagem da barca serrana.

João Paulo Henriques - Diário de Coimbra

O grito “acorda” quem está dentro de água, levando a que assumam os devidos cuidados na hora da passagem da barca serrana, e desperta, ao mesmo tempo, a curiosidade de todos os que estão nas margens, fazendo com que dirijam o olhar para a passagem do “Tareco”, que, suavemente, desliza pelas águas do Rio Mondego, com o leme a estar entregue ao barqueiro José Luís Seco.

Serranas do Mondego” é um projecto que tem Vítor Seco e Fábio Nogueira, ambos da Rebordosa, aldeia ribeirinha do Mondego, com tradições na arte de navegar, como mentores. Uma ideia colocada em prática e que, neste Verão, já está a assumir-se como um novo postal de visita do concelho de Penacova, proporcionando, a quem viaja na barca serrana, uma perspectiva diferente da vila e valorizando a Praia Fluvial do Reconquinho. «A vista de Penacova do Rio Mondego é diferente», assegurou Vítor Seco.


A viagem dura entre 45 a 50 minutos e proporciona imagens de rara beleza, com o silêncio oferecido pelo motor eléctrico, que “puxa”, de forma ecológica, a barca serrana, a permitir ouvir o chilrear dos pássaros nas margens do Mondego. Mesmo com o calor a apertar, a frescura que se sente no barco é mais um ponto a favor. Como se não bastasse o cenário idílico, o passeio conta com o à vontade de Vítor Seco, que, de forma cativante, vai contando histórias relacionadas com a barca serrana, os barqueiros e Penacova.

«Este projecto começou em licenciamento há quase cinco anos», revelou Fábio Nogueira, arquitecto de profissão, que, numa mesa colocada no areal, trata da parte logística, acrescentando que «a barca foi colocada na água em Maio de 2019», antes de dar conta que, «em Outubro de 2019, a barca, os percursos e tudo o resto ficou legal». «Se é um projecto de sucesso, não sabemos, mas sabemos que nos está a dar muito gozo», realçou Vítor Seco, que, profissionalmente, é gestor de projectos na Magnum Vinhos. “Tareco” é o nome da embarcação, que, nesta fase inicial, viaja apenas ao fim-desemana, a partir da Praia do Reconquinho. «Tem um significado enorme. Era o nome dos nossos antepassados, que, por acaso, eram barqueiros», referiram Vítor Seco e Fábio Nogueira, que, de seguida, assumiram a barca serrana como sendo «um ícone de Penacova». «Teve importância fulcral para a região», reforçaram.

«Queremos fazer uma ponte entre o passado e o presente», referiu Vítor Seco, lembrando, de pronto, o papel desempenhado pela barca serrana no passado. «Fazia o transporte das necessidades que havia na região. Levava vinho, azeite, lenha, pessoas e até animais para a Figueira da Foz e trazia sal e peixe de lá», explicou. O objectivo do projecto “Serranas do Mondego” passa por «trazer turistas para desfrutarem de experiências», de forma a tornar possível «criar postos de trabalho» fora da esfera familiar, que, neste momento, torna possível o projecto. Segundo Vítor Seco, «a barca serrana é única e a região deve-lhe tudo», recordando que «atravessava os concelhos de Penacova, Coimbra, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz»

Embarcação tem 12 metros de comprimento e pesa uma tonelada



A barca serrana, idealizada por Vítor Seco e Fábio Nogueira, tem 12 metros de comprimento e pesa uma tonelada, assumindo-se como «uma réplica original». «A ideia foi pegar numa peça de museu como era a barca serrana, reconstruí-la e fazer com que fosse aprovada em termos turísticos», expressou Vítor Seco, antes de destacar que, por ser puxada por um motor eléctrico, se assume como «um projecto sustentável para a natureza».

Segundo os investidores, “Serranas do Mondego” é um projecto que «tem licenças para trabalhar em espelhos de água em Penacova e em Coimbra». «Este projecto foi pensado, inicialmente, para Coimbra, mas, por constrangimentos diversos, estamos em Penacova, após um ano de testes», revelou Fábio Nogueira.

A barca serrana é «controlada por cordas», com o controlo a poder ser efectuado «em qualquer parte da embarcação». De referir que a barca tem licenciamento para «operar com 20 pessoas», mas, em virtude da Covid-19, o número de turistas foi «reduzido para 12». Neste momento a saída ainda se faz pela proa da embarcação, mas, segundo Vítor Seco, «no próximo fim-de-semana, já vai estar aqui colocado, na praia, um cais».


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