COVID 19 - Inédita posição conjunta das três filarmónicas do Concelho de Penacova
Em nome das três filarmónicas do concelho de Penacova,
Álvaro Coimbra (Casa do Povo de Penacova), João Pedro Correia (presidente da
seção/Casa do Povo de São Pedro de Alva) e Mauro Carpinteiro (Boa Vontade
Lorvanense), assinaram conjuntamente uma missiva enviada a João Azadinho,
vereador da Câmara Municipal de Penacova com o pelouro da cultura. A nota a
este respeito, enviada às redações pela Casa do Povo de Penacova, concretiza
que a carta tem como objetivo sensibilizar o município “no sentido de as ajudar
a ultrapassar a profunda crise financeira provocada pela pandemia”. A causa
próxima radica no “longo período de inatividade”, em que «”todos os serviços
agendados para este ano foram cancelados e, por consequência, o encaixe
financeiro foi nulo!”.
As filarmónicas sustentam a sua argumentação no facto da
verba recebida por ocasião da participação em eventos, nomeadamente as festas
populares este ano canceladas, ser vital para a sua sobrevivência. A nota cita
a carta original, onde os subscritores concretizam que esse montante “suporta
os honorários do maestro, professores do ensino musical, “cachets” de músicos,
reparação de instrumentos, fardamentos, logística e outras despesas inerentes
ao funcionamento das instalações.”
Os dirigentes associativos reconhecem a participação da
Câmara Municipal, com o apoio anual de 1500 euros concedido às filarmónicas,
acrescido da comparticipação na aquisição de instrumentos e no ensino da
música. Sublinham, ainda assim, que esse auxílio já era insuficiente num quadro
social dito ‘normal’, alertando, a título exemplificativo, que «”suporta apenas
alguns meses de honorários do maestro”», alertando consequentemente que o
contexto da pandemia agudizou este cenário de fragilidade. Os ensaios foram
retomados, mas é fundamentalmente o cancelamento das festas tradicionais que
contribui para o agravamento das dificuldades, que originou este alerta e o
pedido extraordinário de ajuda.
Olhando a amplitude da questão, parece relevante sublinhar a
ideia da posição ser concertada, desejando que esta dinâmica se multiplique
noutras sinergias, capazes de gerar caminhos novos e criativos para estas
estruturas – as filarmónicas - que se
credibilizaram ao longo dos tempos como os ‘conservatórios’ dos mais pobres e
dos deslocados dos grandes centros de oportunidades. É do conhecimento comum
que questões como escassez de instrumentistas, dificuldade de renovação dos
quadros e de atração das novas gerações são problemas estruturais com que estas
estruturas se debatem. É desejável que esta reflexão conjunta contribua para um
aprofundamento amplo das problemáticas mais profundas inerentes ao movimento
filarmónico, pensando-se além do imediato e projetando o futuro com entusiasmo,
inteligência e sustentabilidade.
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