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Ainda e sempre o BPN *

Não fosse a escolha de Franquelim Alves para Secretário de Estado do Empreendedorismo, competitividade e Inovação a remodelação governamental efectuada esta semana, quase passava despercebida à opinião pública e aos portugueses, de tão insignificante que foi.
Insignificante porque as remodelações governamentais a que temos assistido com relativa frequência, feitas a conta gotas ou a duodécimos como também já foram apelidadas, ficam aquém de uma verdadeira remodelação do Governo que trouxesse um novo ímpeto reformista, novas ideias, mais coordenação política e acrescentasse valor dentro do próprio Governo.
A sensação que fica é que as soluções são poucas e limitadas, e que as remodelações são efectuadas não com um sentido estratégico para o Pais mas para “tapar” problemas pontuais que vão surgindo no caminho da coligação PSD/CDSPP que nos governa.
Mas há soluções e soluções! E Franquelim Alves representa uma solução que não o deveria ser. Ninguém saberá ao certo se será bom ou mau Secretário de Estado mas não é isso que está em causa – como português, desejo-lhe boa sorte e espero que venha a ser um bom governante, apesar de achar que nunca o deveria ter sido!
No seu curriculum destacam-se as funções que teve na Sociedade Lusa de Negócios proprietária do famoso e indescritível Banco Português de Negócios, o BPN. Também já foi explicado que o agora governante não está envolvido em nenhum processo nem paira sobre ele qualquer acusação decorrente da investigação sobre o maior escândalo financeiro português.
O BPN foi e é uma das maiores fraudes financeiras de que há memória, tendo servido para todo o tipo de negócios sem qualquer transparência ou seriedade, que resultaram num buraco financeiro de biliões de euros que ainda ninguém conseguiu quantificar ao certo. Buraco financeiro que está a ser suportado pelos vazios e delapidados bolsos dos contribuintes portugueses sem que, a esmagadora maioria dos responsáveis e administradores de tão ruinosos e pouco claros negócios tenham sido investigados, julgados e condenados pelos crimes de colarinho branco que praticaram.
Nem estes, nem aqueles que beneficiaram directa e indirectamente de tanta impunidade, facilitismo e irresponsabilidade. Pelo que, independentemente de tudo resto, é uma questão de moral e de ética, ou de falta delas, a integração num Governo do País de alguém que tem no seu percurso uma ligação tão próxima e tão recente à gestão do BPN. É que, de facto, o BPN não é um processo de pequena importância nem insignificante no quadro político e financeiro nacional!

*Artigo de opinião originalmente publicado na edição de 04.02.2013 do Diário de Coimbra


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