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CARJACKING - Arguidos dizem que os 6 mil euros não estavam no BMW

Pedro Coimbra garante que o dinheiro estava na bagageira do automóvel, enquanto os envolvidos afirmam que só encontraram papéis


Os indivíduos que estão envolvidos no roubo da viatura de marca BMW do líder da Federação Distrital de Coimbra do Partido Socialista (PS), na noite de 23 de Abril de 2013, garantiram, ontem, em Tribunal, que nunca viram os 5.960 euros que Pedro Coimbra diz que estavam guardados na bagageira do automóvel.

De acordo com o também presidente da Assembleia Municipal de Penacova, a verba - resultado de bilhetes vendidos para o jantar comemorativo do PS, que decorreu no dia 19 de Abril, no pavilhão dos Olivais - foi-lhe entregue pelo militante Carvalho Nunes, pouco antes das 21h00 do dia 22 de Abril, junto ao Pingo Doce, na Portela. O dinheiro (para pagar o serviço e catering) estava separado em cinco envelopes, colocados dentro de um saco do hipermercado Continente e, conforme explicaram Pedro Coimbra e Carvalho Nunes, foi colocado na bagageira da viatura dentro de uma outra caixa com mais papéis.

Dali, o presidente do PS/Coimbra e mais quatro pessoas seguiram para Vila Nova de Poiares, para uma acção do partido, tendo regressado a Coimbra já depois da meia-noite.

«Não tenho dúvidas de que o dinheiro seguiu com o carro», referiu Pedro Coimbra, relatando o momento que ainda hoje o deixa «apavorado».

O autor material do carjacking, confessando parcialmente os factos descritos na acusação, negou ter visto o dinheiro. De realçar que o jovem, de 20 anos, residente em Penacova, procedeu, entretanto, ao pagamento de 5.250 euros a Pedro Coimbra, a título de indemnização por danos não patrimoniais e 730 euros por danos patrimoniais, uma transacção que será tida em conta no processo cível.

Sobre os factos, o jovem pediu desculpa e alegou que praticou o crime porque precisava de dinheiro para poder sair de casa e porque não andava «muito bem», por causa de uma rapariga. Decidiu, então entrar em contacto com o arguido, que surge no processo acusado de cumplicidade, porque sabia que já andava metido nisso» [leia-se roubo de viaturas para desmantelar]. Ter-lhe-á sido sugerido que apontasse baterias a um BMW, explicando-lhe como o devia fazer: «com uma meia na cabeça e uma arma». Depois de hesitar alguns dias, decidiu ir em frente. Consumado o roubo, o jovem conta que regressou a Penacova e, marcou encontro com o cúmplice num pinhal, nas proximidades da oficina onde a viatura foi desmantelada. No local, estava também o proprietário da oficina, mecânico, - acusado de receptação -, que levou o carro para o interior da garagem, onde já estava também o outro arguido, que responde, igualmente, por receptação.

O autor do roubo - que garante não ter recebido mais de 730 euros com este esquema - diz que ficou na parte da frente da viatura a limpar impressões digitais, enquanto os outros três «estavam a tirar os papéis na bagageira». No entanto, estes três dizem que os quatro estiveram a retirar o que estava no interior da mala do BMW, que terão queimado de seguida. Adiantando que «todos» os envolvidos sabiam que o carro era roubado, o cúmplice garantiu, todavia, que desconhecia a quem este pertencia.

Entretanto, o mecânico frisou que apenas soube da proveniência do automóvel quando viu os documentos. Contou que, quando foi contactado, se encontrava em Mortágua e que apenas aceitou desmantelar o BMW por amizade. «Sempre disse que não queria nada, que se desenrascassem», frisou. Também o outro acusado de receptação garantiu que ajudou a desmantelar e a guardar peças, sem receber na da em troca. «Não pensei nas consequências», referiu.

«Fiquei petrificado, apavorado». Mais de um ano depois e ter sido vítima de carjacking, Pedro Coimbra continua com o episódio bem presente na memória. Com uma arma encostada à cabeça, diz que só se lembra de ouvir: «sai já». Quando fala nas «marcas» do episódio, o líder do PS, que pagou do seu bolso os 6 mil euros desaparecidos, lamenta que se tenha levantado a suspeita que ele poderia estar envolvido.

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