BOMBEIROS - Crianças a marchar e a mostrar que querem ser bombeiros
Bombeiros
iniciaram ontem em Lorvão comemorações dos 85 anos, dando a
conhecer o seu mais recente projecto, a Escolinha que funciona com 40
crianças dos quatro aos 12 anos
Ainda
não são bombeiros mas têm essa ambição e, apesar da tenra idade,
algumas noções do que é a actividade voluntária em socorro do
próximo. Têm farda que exibem orgulhosamente, composta por calças,
casaco com cinto e boné, identificativos da corporação a que
pertencem. Sabem marchar e respondem, com a prontidão possível, às
ordens superiores. Mais não se pode pedir
a quem não tem mais do que “palmo e meio” e um mês apenas de
“instrução”. Ontem, as 40 crianças entre os quatro e os 12
anos da Escolinha dos Bombeiros Voluntários de Penacova
apresentaram-se pela primeira vez a público, numa acção que
decorreu na vila de Lorvão e constituiu o pontapé de saída para as
comemorações dos 85 anos da corporação, que decorrem até Julho.
Dúvidas
parece não haver quanto à vontade dos pequenos. Queres ser
bombeiro? «Quero», respondem, sem hesitação. A Joana tem cinco
anos. O pai é bombeiro, o avô também. Motivação na família,
portanto, não lhe falta, mas agora, na Escolinha, sabe mais.
«Aprendo a apagar fogos e a salvar», conta. «Aprendemos o que é o
fogo, o que são os acidentes e que é preciso ter cuidado »,
acrescenta João, de sete anos.
A
Escolinha dos Bombeiros de Penacova funciona há cerca de um mês,
reunindo no quartel, a cada tarde de sábado, as cerca de 40 crianças
que a integram. «Marchamos, andamos nos carros, vamos dar passeios»,
relata o pequeno João, ao falar da actividade que desenvolvem em
cada sessão.
«Queremos
começar a apresentar um pouco do que são as missões da protecção
civil», diz o presidente da corporação, Paulo Dias, admitindo que
esta pode ser «uma porta de entrada» para que jovens possam
integrar a escola de estagiários e, depois, o corpo activo.
Aos
pequenos recrutas é proporcionado um primeiro contacto com os
equipamentos de saúde e os de combate aos incêndios, sendo-lhes
permitido que «vão mexendo no material» para se familiarizarem com
a actividade.
Não
faltam ainda os passeios e os convívios como o de ontem, que
permitiu juntar, em Lorvão, as escolinhas de Penacova, Figueira da
Foz e Gouveia, corporações geminadas por protocolo, bem como a
Escola de estagiários que, com 22 elementos, é a maior de sempre no
corpo de Penacova.
António
Simões, comandante dos Bombeiros de Penacova, não esconde a sua
satisfação pela «adesão espontânea» de crianças à Escolinha
que «não teve nenhum tipo de publicidade». «Se queremos cidadãos
bem formados temos de começar de pequeninos», diz António Simões,
frisando que a Escolinha é uma «continuidade «do trabalho que a
corporação há muito tempo tem
vindo
a desenvolver junto das escolas. Só que desta vez não são os
bombeiros que vão à escola, são os alunos que vão para o quartel
Câmara
ajuda na despesa corrente
A
Câmara de Penacova vai ajudar, com 12.500 euros por mês até
Dezembro de 2017, os Bombeiros Voluntários de Penacova. Um apoio que
vai ser formalizado por protocolo a assinar
entre
as duas instituições, na próxima terça-feira, dia oficial da
comemoração dos 85 anos de corporação.
Trata-se
de um apoio que, sublinha o presidente dos Bombeiros, Paulo Dias, se
destina ao financiamento de despesas correntes da corporação e em
nada tem a ver com as ajudas habitualmente protocoladas para
investimento. 12.500 euros por mês constituem, segundo Paulo Dias,
um apoio «muitíssimo importante» ainda que represente pouco para
uma corporação que tem um orçamento anual de 800 mil euros de
despesa corrente.
As
dificuldades advêm do facto de ter aumentado o número de serviços
de emergência pré-hospitalar e o retorno financeiro ser cada vez
menor e pelo facto de ser verificar, diz Paulo Dias, um «aumento
exponencial » com o custos da formação e a aquisição de
«equipamentos não subsidiados pelo Estado». Só os recentes
conjuntos de botas e capacetes para acidentes rodoviários e
incêndios industriais e urbanos custaram « 500 euros cada e são
120 bombeiros na corporação», exemplifica.
Texto de Margarida Alvarinhas