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ENTREVISTA - Humberto Oliveira fala do Festival da Lampreia que começa hoje em Penacova

Presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, explica por que decidiu a autarquia manter o formato que já deu mostras de sucesso e, em simultâneo, “acrescentar” uma dimensão cultural ambiciosa


O que vai ter de diferente o Festival da Lampreia 2015? 
Apesar de haver algumas nuances, o festival mantém-se, genericamente, nos mesmos modelos que tem vindo a ostentar, nos últimos anos, com notório sucesso, refira-se.

A organização vai continuar, genericamente, entregue aos restaurantes? 
É verdade. O segredo está na entrega e empenho dos restaurantes, que assumem a organização do evento. É claro que, durante o festival, o preço da refeição é mais simpático para os clientes, sendo que o Município de Penacova assegura as entradas e as sobremesas, com a nossa rica doçaria conventual.

Sei que as entradas são outra aposta para marcar a diferença... 
Vejamos: para nós, o arroz de lampreia continua a ser um ex-libris, mas as entradas são uma aposta diferente, resultando de uma parceria que a Confraria da Lampreia, de Penacova, estabeleceu com uma empresa da região, com sede em Tábua, para conferir uma nova “roupagem” à lampreia, através de um folhado.

E as sobremesas? 
Aí não há muito por onde enganar, dada a riquíssima doçaria conventual do nosso concelho, nomeadamente, do Mosteiro do Lorvão, destacando-se, claro, as Nevadas e os Pastéis de Lorvão, que acrescem à oferta de sobremesas que os próprios restaurantes já dispõem.

Por que diz que a lampreia de Penacova é única? 
A lampreia, por si, e o festival, por arrastamento, são uma realidade única. O nosso arroz de lampreia é um prato sui generis, também pelo facto de ser sazonal. Aliás, é muito comum ver pessoas, logo ali em novembro ou dezembro, a começarem a perguntar quando é que há lampreia e quando é que marcamos um almoço em Penacova.

Mas considera que é melhor do que noutros locais? 
Eu já comi lampreia noutros sítios do país, e da região, e tenho de dizer que também gostei. Mas reconheço que, em Penacova, é diferente, muito diferente. É óbvio que sou suspeito, mas para mim é melhor, talvez pela maneira como é cozinhada ou, quem sabe, pela própria lampreia, que, ao chegar ao médio Mondego, já leva outras características no seu corpo.

Parece haver mais preocupação com o programa cultural... 
Sim. Aliás, o que eventualmente pode vir a ser novidade é o facto de estarmos a acrescentar ao certame uma programação de cariz cultural diferente, que, afinal de contas, vai abranger também todos os penacovenses e não se dirige apenas aos visitantes que queiram aproveitar algo mais do que a iguaria gastronómica.

O que distingue essa oferta cultural? 
Desde logo, há o convite a todas as pessoas que pretendam visitar o Mosteiro do Lorvão, que, nestes dias, vai ter entradas gratuitas, temos também uma programação cultural que consideramos apelativa no nosso Centro Cultural, na sexta-feira [hoje], sábado e domingo, com dois espetáculos musicais, à noite, e uma peça de teatro, que vai ter lugar à tarde.

Falou no Mosteiro do Lorvão, que é uma prioridade assumida pela câmara... 
É verdade. No Mosteiro de Lorvão estamos a iniciar um processo de valorização de um espaço patrimonial e cultural ímpar e pluridisciplinar. Agora, com o progressivo abandono das funções de hospital psiquiátrico e com o investimento que lá foi feito pela Secretaria de Estado da Cultura, julgo que, finalmente, estamos em condições de colocar no lugar a que tem direito aquele extraordinário património, que inclui elementos tão valiosos como o órgão de tubos, o acervo artístico medieval, os claustros, a arte sacra e até os achados arqueológicos que resultam das obras ali efetuadas.

Em que pé está esse projeto? 
Temos já o museu construído mas ainda sem projecto de musealização. E temos muitos outros projetos, para os quais continuamos à procura de parcerias e de parceiros. Pensamos que o caminho que estamos a trilhar é o correto e contamos envolver entidades como a Direção Regional de Cultura, a Direção-Geral de Património, o Ministério da Saúde, a Universidade de Coimbra, a Fundação Mata do Bussaco, a Torre do Tombo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro…

Que passos já foram dados? 
O primeiro trabalho é, constituir esta rede de parcerias. Nós, autarquia, temos a consciência de que, sozinhos, nunca poderemos fazer esse trabalho ambicioso mas, paulatinamente, queremos garantir as condições para fazer avançar os projetos, melhorá-los e alavancá-los.

Entrevista de António Alves