PATRIMÓNIO - Mosteiro do Lorvão já tem placa indicativa na A1
O Mosteiro de Lorvão conta agora com um placard na A1 a assinalar a
sua importância histórica. De acordo com Humberto Oliveira, presidente da
Câmara de Penacova, “o município tem prosseguido com bons resultados uma
estratégia de divulgação das suas preciosidades culturais, históricas e
naturais, e tem vindo a encetar esforços em vários sentidos para promover e
desenvolver o concelho.”
Ainda na semana passada foi noticiada a distinção pela UNESCO do livro
bíblico do Apocalipse, um dos 22 existentes no mundo, pertencente a este
mosteiro, que há oito séculos, em 1189, foi ilustrado com 66 iluminuras por um
monge beneditino do Mosteiro de Lorvão. Na ocasião, Humberto Oliveira referiu a
singularidade da distinção e a oportunidade de abrir portas ao potencial do
turismo religioso. Também Fernanda Veiga, vereadora da Cultura, que tem
acompanhado o processo, sublinhou o trabalho empenhado do município, que vai
desde a intervenção no espaço, à finalização do restauro do órgão ibérico –
cujo concurso foi lançado com um valor-base de 670.000,00€, pondo cobro a
muitos anos sem que o problema fosse resolvido –, às escavações que têm vindo a
ser feitas pela equipa de arqueólogos – que têm encontrado achados de vidro,
cerâmica, artefactos, medalhística, entre outros –, às múltiplas atividades
culturais que ali têm sido apresentadas, entre outras ações de relevância que o
município, conjuntamente com a Junta de Freguesia de Lorvão, a Associação
Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, entre outras pessoas e entidades têm tido o
empenho de desenvolver.
O Mosteiro de Lorvão está classificado como Monumento Nacional e a sua
fundação tem sido situada no século VI, época em que foi pela primeira vez
identificada a paróquia suevo-visigótica de "Lurbane", tendo sido seu
fundador o abade Lucêncio, que se sabe ter assistido ao Concílio de Braga em
561. Muito embora subsista uma pedra de mármore com ornato visigodo, os primeiros
documentos escritos só aparecem depois da primeira Reconquista de Coimbra, em
878, data a partir da qual surgem os primeiros documentos escritos
testemunhando a existência de uma comunidade que desempenhou um importante
papel no fomento agrário e repovoamento da região. Já no século X, a sua
importância era já considerável e o Mosteiro atingiu grande prosperidade graças
a doações de fiéis e ricos-homens, nomeadamente, durante o governo do abade
Primo, que mandou vir de Córdova artistas especializados para fazerem obras na
região. A investida muçulmana de 987 pôs fim a este surto de progresso mas,
após 1064, a comunidade laurbanense recuperou o seu prestígio e esplendor e, em
redor do Mosteiro, cresceu uma população atraída pelo trabalho oferecido pelos
monges nas suas vastas propriedades.
O Mosteiro conserva atualmente os túmulos das designadas Santas Rainhas D.
Teresa e D. Sancha, netas de Dom Afonso Henriques. A atualização do Mosteiro
teve início nos últimos anos do século XVI, incidindo, em primeiro lugar, no
claustro, numa linguagem renascentista, onde se incluem várias capelas, a que
se acrescentaram, em 1677, as varandas, já de pendor mais próximo do barroco. A
portaria data de 1630, integrada no novo edifício, iniciado na década de 1620.
Foi, no entanto, o ciclo barroco que mais marcou o mosteiro, intimamente
relacionado com o culto oficializado às Santas Rainhas, cujo processo terminou
em 1724. Edifício de extrema riqueza, uma grande parte do Mosteiro é visitável.