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GASTRONOMIA - Penacova junta míscaros e sarrabulho à mesa


O mês dos míscaros e sarrabulho está a decorrer em Penacova até 15 de dezembro. Organizado pelo município, o evento pretende promover dois dos sabores tradicionais do concelho e da região e assim, cativar mais visitantes. Quer apreciem os sabores gastronómicos locais quer estejam interessados em descobrir as outras riquezas gastronómicas, paisagísticas e patrimoniais do concelho, os visitantes terão muito para descobrir... desde que vão com tempo.

Doze são os restaurantes que aceitaram o desafio do município e decidiram reforçar as ementas com estes dois pratos, convidando visitantes para um encontro com a tradição.

Promover sabores

Promovido pela autarquia, em parceria com a restauração, este festival começou no início do mês, com o objetivo de valorizar e potenciar um produto endógeno da região, característico desta época do ano, ao qual se junta outro prato com grande tradição: o sarrabulho.

E, enquanto os míscaros nascem, de forma espontânea, nas terras de pinhal do concelho, o sarrabulho é um prato ligado à tradição da matança do porco que, nos tempos passados, ocorria sobretudo nos meses frios do inverno, dadas as dificuldades que as pessoas tinham em conservar a carne nos meses mais quentes.

Uma tradição que, infelizmente, foi caindo em desuso nas aldeias e vilas portuguesas dadas as exigências da comunidade europeia.

Mas as dificuldades não se prendem apenas com esta tradição da matança do porco. Os míscaros também já não nascem nas florestas como antigamente. Consequência dos incêndios florestais que têm fustigado as florestas portuguesas, este fungo vai sendo cada vez mais difícil de encontrar.

Mas, apesar das dificuldades, hoje já se cultivam míscaros nas areias das praias do litoral, o que contribui para garantir a capacidade de resposta na procura deste prato. Este ano, não haverá fartura, mas não faltarão os necessários míscaros para garantir o petisco à mesa de quem o aprecia.

Cuidados na escolha

Mas no caso dos míscaros, há cuidados a ter que não devem ser desvalorizados. Assim, quando se pretende colher apenas míscaros amarelo é esta a espécie que se deve colher e mais nenhuma outra. Ao pretender colher outros, deverá saber-se conhecê-los bem, apanhando apenas nas quantidades a consumir e em bom estado.

No caso do míscaro amarelo, deve utilizar-se apenas um pau com ponta afiada ou um formão, de forma a levantar ou destacar os cogumelos sem remover ou perturbar o solo, evitando assim a destruição local do micélio, que poderá produzir outros exemplares no mesmo local e no mesmo ano. Sabe quem nasceu numa pequena aldeia do interior onde ir aos míscaros era um dia de festa para os mais pequenos.

Receita tradicional

Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso. O ditado é popular e também se aplica à gastronomia. Para quem gosta, aqui fica uma sugestão à moda de Penacova.

Ingredientes: alho; piripiri; arroz; manteiga; azeite; míscaros; cebola; sal; colorau; salsa; louro; vinho tinto.

Preparação: Faz-se um guisado com cebola picada, alho inteiro, salsa, louro, piri-piri, colorau e azeite e adicione os míscaros. Quando estes estiverem bem refogados, adicione o vinho (cerca de um copo) e deixe cozinhar durante alguns minutos. Junte a água, tempere com sal, e quando estiver a ferver coloque o arroz e deixe cozer. O arroz de míscaros deve ser servido a “correr”. Quem quiser pode juntar carne entremeada ou presunto, no refugado antes dos míscaros.

“Temos um concelho muito rico em sabores tradicionais”


Rico em sabores e saberes, o concelho de Penacova soube ao longo dos séculos manter uma gastronomia diversificada. Sabores que vão dos doces conventuais aos deliciosos peixinhos do rio, sem esquecer a tão afamada lampreia ou o arroz de míscaros e o sarrabulho. Saberes que continuam a manter viva uma tradição na cozinha que vem desde tempos remotos confecionados por mãos sábias e heranças antigas.

Descobrir Penacova é pois, como gosta de sublinhar o presidente da câmara, Humberto Oliveira, “desfrutar também dos deliciosos sabores da gastronomia local”. Do Mondego, chega a lampreia e os peixes do rio. Dos campos, os ingredientes para as migas e para o arroz de míscaros. A chanfana, prato típico da região, é também rainha na mesa de Penacova, que se faz também do típico sarrabulho e de delicioso cabrito.

E, do Mosteiro de Lorvão, chegaram até aos dias de hoje doçuras únicas como os alfinetes, o arroz doce, beijinhos de freira, bolo das infantas, bolo podre de Lorvão, bolos de bispo, broas de amêndoa, broas de ovos, capelas de ovos, doce de amêndoas, doce de laranja, fatias do conde, lampreia doce de Lorvão, maçapães, manjar branco, manjar divino, manjar real, melindres, milharós, morgados, ovos doces, ovos-moles, papos de anjo, pastéis de Lorvão, queijadas, queijinhos do céu, súplicas, talhadas, tigeladas e tortilhas.

E se a tudo isto juntarmos a belezas naturais onde se recortam os moinhos na serra, o património construído com destaque para o Lorvão então estão reunidos todos os ingredientes para uma deliciosa visita ao concelho de Penacova.