VIDA SELVAGEM - Equipa coordenada por Carlos Fonseca descobre novas espécies de invertebrados na Serra do Buçaco
Sete espécies de invertebrados são apontadas
como endémicas, ou seja, exclusivas da Mata Nacional do Buçaco, na sequência de
estudos realizados no âmbito do projeto BRIGHT, acrónimo de Bussaco´s Recovery
from Invasions Generating Habitat Threats, da Fundação Mata do Buçaco (FMB) e
em parceria com a Universidade de Aveiro (UA). Estes resultados foram
anunciados no decorrer da intervenção de Tatiana Pinhal e João Gonçalo Moreira,
estudantes de Biologia, respetivamente, das universidades de Aveiro e Porto,
integrada nas jornadas do “Sement Event”, promovidas pelo grupo de trabalho do
BRIGHT, no Luso.
Nas sete espécies apenas conhecidas na Mata
Nacional do Buçaco incluem-se escaravelhos e colêmbolos. É o caso dos
escaravelhos (Coleoptera) Abromus
lusoensis (Coiffait, 1984), Euconnus
fageli (Franz, 1960), Hesperotyphlus
beirensis Coiffait, 1964, Hesperotyphlus vicinus Coiffait, 1964, Hyllaena lusitânica
Fagel, 1960, Pselaphostomus bussacensis bussacensis (Dodero, 1919),Stenus
bussacoensis Puthz, 1971 e ainda o colêmbolo Pseudosinella gamae Gisin,
1967. Tatiana Pinhal salienta que estas espécies se encontram muito mal
estudadas, sendo por isso importante investir na sua valorização e conhecimento.
Outras espécies raras como a formiga Solenopsis
lusitanica Emery, 1915, ou o escaravelho Anoplodera sexguttata (Fabricius,
1775) encontram neste local um lar ideal. Mas não foram as únicas. Espécies
protegidas pela união europeia como o longicórnio Cerambyx cerdo mirbecki (Lucas,
1842), a vaca-loura (Lucanus cervus (Linnaeus, 1758)), as borboletas Euphydryas
aurinia (Rottemburg, 1775) e a Euplagia quadripunctaria (Poda, 1761) ou ainda a lesma Geomalacus maculosus Allman, 1843,
viram na Mata Nacional do Buçaco um oásis para a sua sobrevivência e
conservação. Todas estas espécies estão dependentes da floresta nativa e
carecem de maior atenção, especialmente devido às alterações climáticas e às
ameaças de perda de habitat nas quais as plantas invasoras e atividades humanas
prejudiciais ao meio ambiente têm representado parte importante, sublinha a
investigadora Milene Matos, da Unidade de Vida Selvagem do Departamento de
Biologia da UA, uma das orientadoras dos trabalhos.
O segundo maior contributo para o
conhecimento do Buçaco
No total, calcula-se que haverá, pelo menos,
1.258 espécies de invertebrados catalogadas na Serra do Buçaco, sendo que 219
destas surgiram na sequência do trabalho ali desenvolvido nos últimos quatro
anos. No projeto BRIGHT, para além de Tatiana Pinhal e João Gonçalo Moreira, o
trabalho envolveu ainda, originalmente, a participação dos estudantes Ricardo
Santos, Sofia Jervis e Cátia Paredes, o contributo de vários especialistas,
como Eduardo Marabuto, Pedro Pires, Martin Corley e de vários voluntários,
sendo Edmundo Santos um desses colaboradores. A orientação nestes estudos de
fauna foi garantida por Milene Matos e Carlos Fonseca, coordenador da Unidade de Vida Selvagem.
Fonte UA