OPINIÃO - Reconciliar os plásticos com um desenvolvimento sustentável
O
plástico está em todo o lado. No despertador que nos acorda todas as manhãs, na
cozinha onde tomamos o pequeno-almoço, no carro ou no transporte público que
usamos e no trabalho, onde passamos grande parte dos nossos dias. É ingénuo
pensar que podíamos, de um momento para o outro, viver sem o plástico. Mas
também é certo que, se não mudarmos as nossas políticas, ele vai prejudicar
cada vez mais a nossa saúde.
A cada
segundo, 700 quilos de plástico acabam nos oceanos. Se não atuarmos para
alterar rapidamente a situação, em 2050 já teremos mais plástico do que peixes
nas nossas águas. Para além de representar um risco para a saúde, este
desperdício não beneficia em nada as nossas economias. Produzimos 26 milhões de
toneladas de resíduos de plástico por ano, que não são reaproveitados nem
trazem mais‑valias para os nossos sistemas produtivos.
Temos de
agir para travar estes problemas e este é o momento certo. Se sabemos que vamos
continuar a precisar dos plásticos, porque não lutar por plásticos melhores,
recicláveis e reutilizáveis? A Comissão Europeia acaba de propor que, até 2030,
todos os plásticos no mercado europeu possam ser reutilizados e reciclados. No
passado, impusemos a redução do uso de sacos de plástico e controlámos e
reduzimos a quantidade de microplásticos nas nossas praias. Agora, e até ao fim
de 2018, vamos adotar medidas e propor iniciativas legislativas para substituir
os plásticos descartáveis.
Mas queremos
fazê-lo com benefício para as nossas economias. Para isso, pretendemos criar um
verdadeiro mercado único para o plástico, mas sobretudo para aquele que é
reciclável. Vamos estudar a forma de dar benefícios fiscais aos que conseguirem
reduzir o uso deste material e vamos também, através do programa Horizonte
2020, aumentar o financiamento para empresas que inovem nos métodos de
reciclagem e de produção de plástico com outras matérias-primas que não o
petróleo. Se o fizermos de forma correta, criaremos procura para um mercado que
promove a sustentabilidade ambiental e reduz os malefícios desta indústria para
os cidadãos europeus.
A
Estratégia para os Plásticos, que a Comissão Europeia acaba de apresentar,
parte de cinco objetivos muito simples: tornar a reciclagem rentável para as
empresas, diminuir a quantidade de resíduos, proibir a deposição de lixo no
mar, fomentar o investimento e a inovação e estimular uma mudança de atitude em
todo o planeta. O problema é, e não deixará tão cedo de o ser, global. As
soluções, para serem sustentáveis e duradouras, também terão que ser globais.
Cabe-nos
a nós, europeus, encontrar soluções que, sendo viáveis para a nossa economia, favoreçam
que nas próximas décadas a utilização dos plásticos no nosso planeta seja feita
de forma realmente inovadora e sustentável.
Por Sofia Colares Alves, Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal
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