POLUIÇÃO - Investigadores de Coimbra desenvolvem plataforma para contabilizar e mapear o lixo marinho nas praias portuguesas
Sensibilizar a população para o
combate ao lixo marinho, contribuindo para a preservação dos oceanos, e alertar
as entidades competentes para a urgência na adoção de medidas que permitam
mitigar este grave problema ambiental global é o principal objetivo da
plataforma lixomarinho.app, lançada hoje em formato de aplicação (app). Trata-se de um projeto de
ciência-cidadã promovido por investigadores do Centro de Ciências do Mar e do
Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC), em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM).
Atualmente existem muitas
iniciativas de limpeza de praias em Portugal, «no entanto, é necessário compilar de forma simples e organizada todos
os dados que se estão a produzir, para que possamos informar outros atores da
sociedade e decisores políticos sobre os níveis de poluição, com o objetivo de
sensibilizar e reduzir as emissões de lixo marinho para o ambiente, isto é, promover
alterações efetivas nos níveis de poluição na nossa costa», afirma Filipa Bessa,
investigadora do MARE e coordenadora da plataforma.
O contributo de todos é essencial.
Por isso, qualquer pessoa pode participar, «quer em tempo real na praia ou, mais tarde, através do registo no Site da plataforma, onde é possível efetuar
as contagens das suas recolhas de lixo marinho», refere a investigadora,
clarificando que existem duas tipologias de contagens - uma simples e outra de
caráter científico.
A contagem simples, composta por 20 itens
– representando os materiais e resíduos que mais se registam nas praias de
Portugal –, indicará as tendências dos tipos de lixo ao longo do tempo. A
contagem científica, dirigida a investigadores/técnicos especializados, inclui
uma lista mais alargada de tipos de lixo marinho e poderá ser útil às entidades
responsáveis pelas monitorizações nacionais e internacionais deste tipo de
poluição.
Esta contagem do lixo marinho por
categorias permite «produzir uma
plataforma alargada, de acesso livre de dados, sobre a ocorrência de lixo marinho
na nossa costa. Esses dados estarão disponíveis para todos os utilizadores
registados de forma gratuita (cidadãos, organizações não governamentais,
empresas, organizações estatais, nacionais, regionais e internacionais) que
queiram colaborar connosco, contribuindo para a redução e mitigação do lixo
marinho», salienta Filipa Bessa.
É considerado lixo marinho qualquer material
sólido, persistente, manufaturado ou processado, que é eliminado, abandonado ou
perdido no ambiente marinho e costeiro. Apesar deste tipo de lixo incluir uma vasta
gama de materiais, entre os quais metal, madeira, borracha, plástico, vidro e
papel, vários estudos indicam que mais de 80% dos materiais identificados são
plásticos de vários tamanhos e formas.
«Devido à sua dificuldade de degradação no ambiente, os plásticos têm
sido identificados como um dos maiores problemas ambientais globais dos nossos
tempos, resultando do excesso de consumo destes materiais e de algumas falhas
na gestão destes resíduos. Sabe-se que, em média, cerca de 8 milhões de
toneladas de lixo terminam nos oceanos e as tendências indicam um aumento
destas projeções», alerta a coordenadora da plataforma lixo marinho.
Existem registos de lixo marinho, particularmente plásticos de vários
tamanhos, em praticamente todos os ambientes do planeta (rios, lagos, oceanos,
praias, solos, gelo e até no ar), «com vários impactos adversos para a fauna
e flora, bem como em termos sociais e económicos para o Homem», conclui.

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