CHEIAS - Ordem dos Engenheiros diz que está por criar um modelo de gestão no Baixo Mondego
A Ordem dos Engenheiros criticou o facto de estar por criar
“há décadas” um modelo de gestão do empreendimento do Baixo Mondego que foi
concebido para o controle de cheias que afectam ciclicamente o vale.
“Desde há décadas que
está por criar um modelo de gestão deste empreendimento, o que leva a que
muitos usufruam e poucos contribuam para a sua conclusão, manutenção, busca de
investimentos e demais responsabilidades”, afirmou hoje a Ordem dos
Engenheiros, em comunicado enviado à agência Lusa.
A Ordem recordou que o empreendimento do Baixo Mondego “foi criado para o controle das cheias que
sempre ocorreram e afectaram Coimbra e o Vale do Mondego”, tendo para isso
sido construídas as barragens da Aguieira e Raiva (no Mondego) e a barragem de
Fronhas (no rio Alva).
O rio Ceira continua por controlar e no rio Arunca faltam
ainda algumas obras de regularização, notou, salientando que ainda se está “perante uma obra inacabada, que foi
concebida para funcionar no seu todo e que urge concluir ou, no limite,
revisitar a sua concepção”.
Para a Ordem dos Engenheiros, tem de ser criada uma unidade
gestora, tal como aconteceu no Alqueva, por forma a assegurar “a gestão, a conclusão, a monitorização, a
manutenção e a defesa dos diversos ‘stakeholders’ [agentes], a partir da
definição de um modelo de calendarização e financiamento sustentável”.
Segundo a Ordem, um modelo de gestão para aquele
empreendimento “nem sequer tem merecido
qualquer discussão”, considerando que “apontar
o dedo à falta de manutenção é apontar o dedo à incúria do estado que não
canaliza os impostos dos contribuintes nacionais para apoio dos beneficiários
locais”.
A falsa sensação de que o sistema de diques que materializou a artificialização do leito natural do Mondego pode garantir ilimitadamente a segurança das povoações e bens ribeirinhos tem sido ciclicamente posta em causa, por razões sobejamente conhecidas e que interessam resolver
Os efeitos do mau tempo da semana passada, na sequência das
depressões Elsa e Fabien, provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram
144 pessoas desalojadas, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria
inundações e quedas de árvores.
O mau tempo levou também a condicionamentos na circulação
rodoviária e ferroviária, danos na rede elétrica e a subida dos caudais de
vários rios, provocando inundações em zonas ribeirinhas das regiões Norte e
Centro, em particular no distrito de Coimbra.
No rio Mondego, a ruptura de dois diques provocou cheias em
Montemor-o-Velho, onde várias zonas foram evacuadas e uma grande área,
incluindo muitas plantações, estradas e o Centro de Alto Rendimento, ficou
submersa.
A situação começou a ter hoje os primeiros sinais positivos
de melhoria e diminuição do grau de risco, segundo a Proteção Civil, que se
mantém, contudo, em alerta e reconhece estar em causa uma intensa e longa
operação de recuperação.
O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão
(PS), pediu ao Governo a disponibilização de meios para obras urgentes nos dois
diques, depois de o executivo ter dado um prazo de dois meses para a
recuperação das infra-estruturas.
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