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ILUSTRES [DES]CONHECIDOS - José Barbosa dos Santos Leite - (1884-1928)



Foi o primeiro piloto militar português a elevar-se nos céus de Portugal. “Militar valoroso, penacovense ilustre” - pode ler-se no memorial que se encontra ao fundo da pérgola Raul Lino.

José Barbosa dos Santos Leite nasceu em Telhado, freguesia de Figueira de Lorvão, no dia 21 de Março de 1884, filho de Tomé Barbosa da Costa e de Eduarda Guilhermina d’Oliveira Leite. Casou em 24 de Abril de 1918 com Maria Laura Campos.

Ingressou na carreira militar em 1905, no Regimento de Infantaria nº 23. Aspirante a oficial no Regimento de Infantaria nº 2, foi promovido a Alferes em 1910. Passou para o Grupo de Metralhadoras nº 5 em 1912 e passou a Tenente em 1914. 

Em finais de 1915 partiu para França, integrado no Corpo Expedicionário Português. Em Chartres fez o curso de piloto aviador. Obteve o “brevet” em 11 de Fevereiro de 1916, após 28 horas e 39 minutos de voo e 191 aterragens, sendo o primeiro piloto português a obter o brevet militar. Em Pau prosseguiu o aperfeiçoamento na pilotagem de diversos aviões de guerra como o Bleriot, o Nieuport e o Spad.

Em 1918, ainda em França, ficou ferido na queda de um avião da Esquadrilha Francesa SPA 124 e esteve hospitalizado em Paris. Recebeu louvores do exército francês, inclusivamente a Cruz de Guerra. Também em Portugal foi condecorado com a Cruz de Guerra Portuguesa.

Pilotando um monoplano Deperdussin, com motor Gnome de 50 hp, em 17 de Julho de 1916, ficou para a história como o primeiro piloto português a fazer um voo militar oficial em Portugal. Realizado em Vila Nova da Rainha, representa o culminar de inúmeros esforços desenvolvidos com vista à afirmação da Aviação no nosso país. A Revista Aeronáutica de 1917, publicada pelo Aero Clube de Portugal, registará este importante feito. Os CTT, passados 100 anos, assinalarão a data com uma emissão filatélica comemorativa do centenário do 1º Voo Militar.

Depois do regresso a Portugal, Santos Leite foi vitimado pela pneumónica tendo estado em Telhado em casa da família a restabelecer-se da grave doença.

Em 1924 foi Director do Campo de Instrução e Aterragem e em 1928 tornou-se Comandante do Grupo Independente de Aviação e Bombardeamento, com sede em Alverca.

Os anais do concelho de Penacova registam a passagem, ainda que breve, de Santos Leite pela administração local. Foi Administrador do Concelho de Penacova, cargo que exerceu de 7 de Julho a Dezembro de 1926, ocupando o lugar de António Casimiro Guedes Pessoa. 

Aos 44 anos, em 30 de Novembro de 1928, pilotando um Breguet, despenhou-se quando, a uma altura de 70 metros, a aeronave colidiu com um cabo de um balão que se encontrava preso ao solo.

A trasladação do cadáver teve lugar no dia 2 de Dezembro. O cortejo fúnebre veio de comboio até ao Calhabé, em Coimbra, continuando a partir daí de automóvel, acompanhado por autoridades civis e militares e muito povo até à sua terra natal onde se encontra sepultado.

David Gonçalves de Almeida

 

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