JUSTIÇA - Grupo acusado de assaltar mais de 80 caixas multibanco é julgado em Coimbra
Treze
arguidos suspeitos de pertencerem a um grupo que terá furtado mais de dois
milhões de euros, em ataques a pelo menos 87 caixas multibanco em todo o país,
começa a ser julgado em 06 de janeiro de 2020, no Tribunal de Coimbra.
Os 13 arguidos são acusados
de pertencerem a um grupo que terá feito mais de 80 furtos entre setembro de
2016 e dezembro de 2017, quando a operação parou após três dos principais
suspeitos terem sido detidos pela PJ, quando regressavam de mais um assalto.
Os assaltos decorreram em
diversos distritos, como Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Leiria,
Coimbra, Porto e Braga, numa ação que recorria a explosões para assaltar os
terminais de multibanco, em operações em que cada um dos elementos "obedecia
a regras rígidas aceites por todos", refere o Ministério Público, na
acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Antes dos furtos, os
membros "selecionavam
criteriosamente as caixas multibanco", procurando perceber a marca e
modelo do terminal, através de consultas de movimento de cartões de débito,
tendo preferência pelas caixas de uma versão da marca BAUSSA, mais "antiga
e ultrapassada e com menos mecanismos de segurança", refere o Ministério
Público (MP).
Para o assalto, o grupo
recorria a carros previamente furtados e usava chapas de matrículas também
roubadas e correspondentes a outros veículos, conta.
No local, era habitual os
arguidos pulverizarem as câmaras de vídeo dos circuitos de gravação, levavam
consigo diversas peças de roupa para trocarem após a prática dos crimes e
utilizavam rádios portáteis emissores/recetores por forma a não recorrerem a
telemóveis, alega o MP.
De acordo com a acusação,
para o assalto, para além do material necessário para o roubo, como botijas de
gás acetileno e mangueiras, estavam também munidos de armas de fogo, como
revólveres e espingardas AK-47, bem como extintores que podiam aspergir contra
as viaturas policiais em caso de perseguição.
De acordo com o Ministério
Público, cada um dos arguidos tinha uma função específica durante o furto da
caixa multibanco.
Após e antes do assalto, os
arguidos recorriam a uma das pelo menos quatro garagens que dispunha, onde
tinham material que usavam para o roubo.
Já as companheiras de dois
dos principais membros do grupo intermediavam contactos com outros membros e
ocultavam artigos utilizados nos assaltos, recorrendo normalmente às quatro
garagens que dispunham em Loures, Oeiras, Cascais e Alcobaça.
A ação do grupo acabou
quando, após um furto em Torres Novas, ao chegarem ao armazém de Alcobaça com o
dinheiro, foram intercetados por elementos da PJ e da GNR, que acabaram por os
deter.
No processo que vai a
julgamento em 06 de janeiro de 2020, no Tribunal de Coimbra, estão 13 arguidos,
com diferentes graus de participação no grupo.
Os três principais são
acusados de vários crimes de furto qualificado, posse de arma proibida,
falsificação de documento, explosão, recetação e branqueamento de capitais.
Outros são acusados de
participarem no branqueamento de capitais do grupo, como é o caso de dois
homens que, com as suas empresas, celebraram contratos de trabalho com dois dos
arguidos para tentar "encobrir os
proveitos económicos" dos furtos, explica o Ministério Público.
Cinco dos 13 arguidos estão
presos preventivamente.
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