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PREVENÇÃO - Foi ontem apresentado em Coimbra, um Estudo de Ordenamento e Proteção Civil que contribui para atenuar risco de incêndio em zonas industriais



Os grandes incêndios florestais registados nas últimas décadas na Europa e, em especial em Portugal, “evidenciaram a fragilidade das zonas urbanas, onde se incluem as zonas industriais, existentes na interface urbano-florestal”.

António Rosado - Diário As Beiras

Perante esta constatação, “é muito importante estudar as zonas industriais” e sua relação com os incêndios florestais, onde se registaram e poderá voltar a haver “prejuízos muito avultados”, explicou ontem João Paulo Rodrigues, do Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade (ITeCons) da Universidade de Coimbra.

Assim, vai ser feito um estudo, com a duração de três anos e um financiamento comunitário de 200 mil euros, em que o objetivo é estabelecer regras para a construção de zonas industriais, especialmente em áreas florestadas, onde o risco de incêndio é maior. As conclusões e propostas podem começar a ser apresentadas dentro de um ano, à medida que forem validadas pelo consórcio.

Aplicação direta da ciência ao território

Denominado Indu Forest Fire, o “projeto de investigação inovador”, ontem apresentado na sede da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra, “tem a virtude de aplicar o saber da academia às necessidades do território”, considerou, a propósito, o secretário executivo da CIM-RC, Jorge Brito.

O estudo vai ser desenvolvido por uma parceria constituída pela CIM Região de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra (IPC/ESAC), Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e ITeCons. “Este consórcio de investigação científica não tem capacidade para legislar”, mas pode propor diretivas, salientou João Paulo Rodrigues.

As áreas industriais afetadas de Mira, Tocha (concelho de Cantanhede) e Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, ou de Mortágua e Oliveira de Frades, no distrito de Viseu vão ser objeto de estudo, para tentar compreender o modo como o fogo se comportou ali e que medidas podem ser adotadas nestas e novas zonas industriais, no sentido de reduzir a sua exposição ao risco de fogo e de atenuar os seus efeitos (Oliveira de Frades não integra a CIM Região de Coimbra, mas será estudada até pela dimensão que os fogos de 2017 atingiram ali).

Além de caracterizar as cargas combustíveis “em redor de cada zona industrial e no seu interior”, o projeto pretende, numa primeira fase, perceber o que aconteceu em cada uma daquelas zonas industriais para terem ardido, e, depois, apontar meios de mitigar o risco e os efeitos do fogo, explicitou Joaquim Sande Silva, da Escola Superior Agrária do IPC.

O abate de árvores à volta das casas e o impedimento de copas de árvores contíguas podem não ser a melhor forma de defender uma casa do fogo, admitiu Sande Silva. As copas podem proporcionar mais humidade entre elas e o solo e retardar a progressão das chamas, referiu o investigador, questionando a legislação em vigor e para a qual este estudo vai, com certeza, concluir pela vantagem de alterações ou criação de novas regras.



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