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ILUSTRES [DES]CONHECIDOS - Joaquim António da Silva Tenreiro (1867-1933)



Joaquim António da Silva Tenreiro nasceu em Oliveira do Mondego (à data, Oliveira do Cunhedo) no dia 7 de Novembro de 1867. Filho de Joaquim António da Silva Tenreiro, Bacharel formado em Medicina, natural da freguesia de S. Tiago (Coimbra) e de Ludovina Augusta Cerveira Tenreiro, natural de Ventosa do Bairro, residentes em Oliveira do Mondego. Neto paterno de Manuel José Alves Tenreiro e de Josefa Teresa da Silva e materno de José Craveiro Ruivo e de Ana Joaquina Ferreira.

Em 28 de Novembro de 1891 casou, na Igreja de Mortágua, com Delfina Amália de Gouveia e Sousa, natural de Vale de Açores, filha do bacharel José de Gouveia de Almeida e Sousa. No ano seguinte, Joaquim António Tenreiro passa a ser cunhado do também penacovense, Artur Leitão, pelo casamento deste com Maria da Piedade Gouveia e Sousa.




Estudou Direito em Coimbra, vindo a exercer advocacia, a par da administração das suas propriedades no concelho de Penacova e mais tarde, em Lobão da Beira (Tondela).

Joaquim António da Silva Tenreiro notabilizou-se também na política local e no exercício de cargos municipais.

Ainda jovem de cerca de 25 anos, sucedeu ao pai de António José de Almeida, José António de Almeida, na presidência da Câmara de Penacova. Fez também parte de diversas vereações.

Mais tarde, em 2 de Janeiro de 1909, tendo concorrido numa lista afecta ao Partido Progressista, assumiu novamente a Presidência da Câmara (que era ocupada por José Albino Ferreira). Neste mandato acumulou durante algum tempo o cargo de Administrador Concelhio.

Durante a sua presidência realizaram-se eleições para deputados (28 de Agosto de 1910), tendo o Partido Progressista obtido maioria de votos no concelho de Penacova. No dia seguinte, tem lugar uma manifestação monárquica, na vila, onde se destacam figuras como, além de Joaquim António Tenreiro, José Leitão, Duarte Sereno, Daniel Silva, Oliveira Matos, José Albino e António M. F. Soares.

Em 5 de Outubro de 1910 cai a Monarquia. À frente da Câmara encontra-se J. A. Tenreiro, coadjuvado por Maximino Augusto Henriques, Manuel Alípio Rodrigues Coimbra, Alípio Seco de Gouveia, Caetano Antunes Pereira e Augusto Nogueira Seco.

A transição foi pacífica. Na reunião da Câmara, de 10 de Outubro, ainda por ele presidida, mas já com a presença do novo administrador, Amândio dos Santos Cabral, foi aprovada por unanimidade uma proposta do Presidente em que, depois de considerar que ''o bem da Pátria Portuguesa, o progresso e a riqueza da Nação exigem confiança na gerência das Instituições estabelecidas e a ordem e tranquilidade pública '' declara apoiar a República de Portugal, "fazendo ardentes votos pelo florescimento e rejuvenescimento da gloriosa Nação Portuguesa.''

A política penacovense deu muitas voltas depois da implantação da República. Em 4 de Novembro de 1917, realizaram-se eleições municipais no meio de grande polémica. Alguns elementos ligados ao Partido Evolucionista abstiveram-se perante a apresentação de uma lista "patrocinada" por Joaquim Leitão, formada por Joaquim António da Silva Tenreiro, José Albino Ferreira, António Moncada e outros.

Verificamos que, na mesma, se encontram nomes ligados aos sectores monárquicos, lado a lado com nomes de conotação evolucionista. Joaquim Leitão confessa ao seu amigo António Casimiro, que em Penacova não conhecia” monárquicos, mas retraídos pelas políticas de certos republicanos” e que entendera, naquele momento, “chamá-los para o trabalho, pelo engrandecimento do concelho".

Para presidente do Senado foi eleito o Bacharel Joaquim António da Silva Tenreiro. A Comissão Executiva ficou sob a presidência de António Moncada. Mas, a instabilidade política nacional teve reflexos na administração local. O decreto de Sidónio Pais, de 10 de Janeiro de 1918, virá dissolver as Câmaras em exercício, sendo nomeado José Albino Ferreira.

Nos últimos anos de vida, Joaquim António da Silva Tenreiro deixou Oliveira do Mondego, indo viver para Souto / Lobão da Beira, onde se dedicou à agricultura na sua Quinta. Vitimado por um enfarte do miocárdio, teve morte repentina. Estávamos na manhã do dia 21 de Janeiro de 1933.

O corpo foi transladado para Oliveira do Mondego no dia 22 e a 23 realizou-se o funeral para o cemitério de Nossa Senhora da Piedade, antecedido de missa de corpo presente na Igreja de Oliveira do Mondego, dirigido por José de Gouveia Leitão, Presidente da Câmara e seu sobrinho (filho de Artur Leitão).

Incorporaram-se a Irmandade local e delegações dos Bombeiros Voluntários e da Filarmónica de Penacova. A urna seguiu até ao cemitério coberta pelas bandeiras do Município e dos Bombeiros.  

Junto ao Jazigo da “Família Tenreiro”, coube ao Dr. Alípio Barbosa proferir o discurso fúnebre. “Nas casas de Oliveira e Lobão só duas coisas faltavam: a falsa hipocrisia que finge acarinhar-nos, para mais facilmente nos ferir pelas costas, e as falsas aparências de um luxo, que muitas vezes encobre miséria económica, quando não disfarça miséria moral” – disse a dado momento. E a terminar: “Só morrem os inúteis e tu foste útil, porque trabalhaste e seguiste sempre pela estrada recta do Dever”.

O jornal “Notícias de Penacova”, bem como a “Comarca de Arganil” noticiaram largamente a sua morte. O NP salientou que “Penacova perdeu um dos seus filhos mais desinteressadamente amigos” que “jamais lançou mão do seu valor pessoal ou da sua influência política em proveito próprio ou proveito de amigos”.

Ø  David Gonçalves de Almeida


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