AUTÁRQUICAS - Eleitos tomam posse em ambiente de consternação
«Não é admissível, num estado de direito,
num estado europeu, num país que queremos desenvolvido assistir, em poucos
meses, à morte de mais de 100 pessoas e à devastação de famílias, de empresas e
do território». As palavras são de Pedro Coimbra, que, na tomada de posse
dos orgãos autárquicos e da Assembleia Municipal (AM) de Penacova, salientou
que a tragédia que roubou cinco vidas no concelho «não se pode esquecer nem ignorar».
Numa
intervenção crítica, o presidente da AM reeleito, sem meias palavras, exigiu «medidas concretas e urgentes, que
profissionalize o sector, que tem de se tornar capaz e competente para garantir
a segurança das populações, como é obrigação do Estado assegurar»,
defendeu.
Na
perspectiva daquele que é também o líder da Federação Distrital do Partido
Socialista, «nas últimas largas décadas,
temos andado a fingir que ordenamos território, temos andado a fingir que
queremos emparcelar território, temos andado a fingir que fazemos prevenção,
temos andado a fingir que temos um sistema de comunicação, que temos uma
Autoridade Nacional de Protecção Civil».
Ao
recuar ao passado domingo, Pedro Coimbra não deixou de revelar estranheza pelo
registo dos cerca de 500 incêndios que deflagraram e deixa uma questão: «Não haverá nada para ser investigado? Mas
investigado a sério?».
Ao
deixar uma palavra de reconhecimento aos bombeiros - «era verdadeiramente impossível fazer melhor», garantiu -, Pedro
Coimbra reforçou que cabe «a todos nós»,
ser «intransigentes na exigência do
cumprimento do dever do Estado».
Violência do incêndio alterou
prioridades
Numa
sessão em que o incêndio dominou as intervenções, o presidente da autarquia, ao
tomar posse para o terceiro mandato, sublinhou que «a principal prioridade», para os próximos tempos, é «ajudar a levantar a comunidade resiliente,
mas ferida».
«Pensava eu que o 1 de Outubro teria sido o
dia mais importante para a comunidade durante o mês que está a correr.
Infelizmente, tal não aconteceu», lamentou o autarca, recordando que, no
dia de eleições, os penacovenses votaram maioritariamente num projecto assente
em seis prioridades: reabilitação de vias de comunicação, reforço do saneamento
básico, requalificação e valorização do património natural e cultural,
requalificação urbana de Penacova, São Pedro de Alva e Lorvão, desenvolvimento
dos parques empresariais e conclusão da rede escolar.
Mas,
por força das circunstâncias de domingo, tudo mudou. «Caiu-nos outra prioridade em cima. Temos de ser capazes de reabilitar
uma vasta área do nosso concelho, que atingiu quase toda a margem esquerda do
Rio Mondego», adiantou Humberto Oliveira, ao destacar que a recuperação tem
de ser patrimonial, mas também nos «seus
aspectos humanos, psicológicos, de apoio aos cidadãos».
«Temos todos de ter capacidade de resposta para
as diversas situações», continuou, sem deixar de dar uma palavra de
agradecimento aos bombeiros, mas também a todos os cidadãos que ajudaram, que,
nas palavras de Humberto Oliveira, também eles «foram heróis e combatentes» na luta contra as chamas que ceifaram
cinco vidas no concelho, destruíram 29 habitações (parcial ou totalmente),
afectando também dezenas de empresas e tantos outros danos.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Patrícia Isabel Silva – Diário de Coimbra
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Pedro
Coimbra
EXECUTIVO MUNICIPAL
Humberto
Oliveira (PS); João Filipe
Cordeiro (PS); Sandra Ralha Silva
(PS); Ricardo Ferreira (PS) António Simões (PSD); Luís Antunes (PSD); Magda Rodrigues (PSD)
PRESIDENTES DAS JUNTAS DE
FREGUESIA
Carvalho - Alcino Francisco (PS); Figueira de
Lorvão - Pedro Assunção (PS); Lorvão
- Rui Batista (PS); Penacova - Vasco Viseu (PS) Sazes do Lorvão - José Carlos Alves (PS) Friúmes e
Paradela - António Fernandes (PSD)
Oliveira do Mondego e Travanca do Mondego - Luís Pechim (PS) São Pedro de Alva e São Paio de Mondego - Vítor Cordeiro (PSD).
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