INCÊNDIOS - Inferno de chamas ceifa vidas em Penacova


Duas pessoas morreram em Penacova na sequência dos incêndios que ontem fustigaram a zona Centro de Portugal. A adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), Patrícia Gaspar, confirmou que duas pessoas perderam a vida no incêndio que lavrou em Penacova e obrigou ao corte do Itinerário Principal 3. 

Segundo foi possível apurar, as duas vítimas mortais do incêndio de Penacova eram irmãos que viviam em Vale Maior, localidade da União das Freguesias de Friúmes e Paradela, e foram surpreendidos pelo fogo quando se encontravam no interior de um barracão. Terá sido a filho das vítimas que reportou o seu desaparecimento ao comando da Proteção Civil em Coimbra.

Durante a noite foram acolhidas no pavilhão desportivo de Penacova cerca de 160 pessoas desalojadas e deslocadas, mas meia centena já regressou às suas casas ou foram acolhidas por familiares, adiantou Fernanda Veiga.

"Se as condições se mantiverem relativamente calmas", os desalojados e deslocadas deverão regressar durante a tarde a casas de familiares, às suas residências e ao lar de terceira idade de Miro, disse a vereadora, sublinhando que, no entanto, "isso só será feito depois de garantidas todas as condições de tranquilidade e de segurança".
O lar da povoação de Miro "não sofreu danos", mas foi evacuado no domingo por precaução e porque o intenso fumo concentrado na zona aconselhava a retirada dos utentes da instituição, explicou.
As escolas do concelho de Penacova estão encerradas hoje, mantendo-se em funcionamento apenas o refeitório da Escola Secundária da vila, para garantir a alimentação designadamente de bombeiros, crianças e famílias deslocadas ou desalojadas, adiantou a vereadora.
"Ainda não é possível avaliar todas as consequências" do fogo, afirmou Fernanda Veiga, indicando que "estão três equipas no terreno", integradas por psicólogos, assistentes sociais, técnicos de engenharia e autarcas, para avaliaram os apoios que são necessários prestar às populações e verificar as condições de edifícios atingidos pelas chamas.
As freguesias de Friúmes e Paradela, de Oliveira do Mondego e Travanca e de São Pedro de Alva e São Paio foram as mais atingidas pelas chamas e onde estão a maior parte dos edifícios afetados no concelho.

Fogo deflagrou na Lousã
O incêndio que começou ontem na Lousã e alastrou aos municípios de Vila Nova de Poiares, Penacova e Mortágua, encontrava-se “descontrolado” pelas 23h00, disse a adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar, segundo a qual o fogo «não estava a dar tréguas ao forte contingente de operacionais no terreno».
O incêndio destruiu, pelo menos, três casas, uma delas de primeira habitação, disse o presidente da Câmara Municipal de Poiares. Além da habitação de uma família de emigrantes, na aldeia do Forcado, no limite dos dois municípios do distrito de Coimbra, o fogo queimou duas casas de segunda residência, no concelho de Poiares, adiantou João Miguel Henriques.
Na informação da adjunta de operações nacional da ANPC, no “briefing” à comunicação social, a responsável indicou que no incêndio da Lousã foram retiradas pessoas das suas casas «para locais seguros» nas povoações de Boque, Forcado, Terra da Gaga, Aldeia do Pico, Fonte Fria, Serpins e Lavegadas, com o auxílio dos bombeiros, da GNR e da Cruz Vermelha».

Ainda no concelho da Lousã, este incêndio destruiu a antiga Fábrica de Papel do Boque, em Serpins, classificada como imóvel de interesse municipal, além de edificações que não eram habitadas.

«A Fábrica do Boque ardeu. Ardeu tudo», testemunhou o reformado António José Ferreira, que reside em Serpins, lamentando a perda deste património cultural da freguesia. Localizada junto ao rio Ceira, afluente do Mondego, «a Fábrica de Papel do Boque é composta por um aglomerado de corpos edificados que formam uma planta irregular, tendo sido fundada em 1861», de acordo com informação disponível na página da Internet da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC). «Por precaução, vários moradores, sobretudo doentes e seniores, foram retirados das suas habitações», referiu João Miguel Henriques, indicando que o fogo propagou-se durante algum tempo «na área urbana e perto das casas», em Vila Nova de Poiares, devastando quintais, pomares, vinhas e terrenos incultos.

«Eu próprio tive de combater as chamas que se aproximavam da minha casa», acrescentou, ressalvando ser «muito difícil fazer uma contabilização» dos imóveis arrasados à passagem do fogo. O presidente da Câmara informou que foram destruídos «vários armazéns» e empresas de sucata, na zona de Vila Chã e Entroncamento de Vila Nova de Poiares, próximo da EN 17.


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