ATUALIDADE - Jornais em papel apresentam queda acentuada mas os livros estão "novamente em crescimento".
O presidente da Associação Portuguesa das Indústrias
Gráficas do Papel (APIGRAF) disse que o setor enfrenta desafios, nomeadamente
no que respeita ao futuro da impressão de jornais, mas que a área de livros
"está novamente em crescimento".
A APIGRAF realiza na sexta-feira e no sábado o seu
encontro anual, em Évora, onde empresas e profissionais do setor vão debater o
estado do setor gráfico e os desafios do mercado.
"O setor
gráfico em Portugal tem diferentes áreas com bom desempenho", entre
elas as de embalagens, rótulos e etiquetas, como a do livro, que "está
novamente em crescimento em todo o mundo", disse Pedro Lopes de Castro,
presidente da APIGRAF.
Do lado negativo, está a área de jornais, que "não está a passar nada bem" neste
momento, afirmou.
"O jornal é
que infelizmente está mal", com os "indicadores a dizerem que vai continuar", acrescentou o
responsável.
No entanto, apontou que a nível internacional há projetos
que estão a regressar ao papel, embora ainda seja cedo para ver o impacto
disso.
Em Portugal, salientou Pedro Lopes de Castro, "o problema dos jornais é a falta de
leitores", o que se traduz "na
falta de publicidade".
Questionado sobre qual a solução para a área do jornal, o
presidente da APIGRAF disse "não
estar a ver" uma resposta neste momento.
Nos últimos cinco anos, "os jornais têm vindo a descer, não só em termos de tiragens, como
também em número de títulos".
Além disso, "a
reconversão de uma gráfica de jornal não é fácil", aliás, "normalmente a crise quando entra numa gráfica
de um jornal é para encerrar e não para reconverter", explicou Pedro
Lopes de Castro.
"Felizmente,
nenhuma encerrou em Portugal nos últimos cinco anos", afirmou.
Além de não haver muitas gráficas do género em Portugal,
as que existem ajustaram-se às necessidades do mercado, referiu.
Em termos gerais (que inclui todo o tipo de gráficas),
"encerraram muitas na Europa",
sendo que no caso de Espanha fecharam "à volta de 40%" devido ao fenómeno de sobrecapacidade.
Em Portugal, no mesmo horizonte temporal, deverá ter
rondado à volta dos 10%, segundo o responsável.
Já no caso das revistas, que "têm um ciclo de vida diferente", os indicadores de que a
APIGRAF dispõe apontam para que esteja a ter um bom desempenho.
"Está bem e
continua a ter títulos novos", afirmou o presidente da APIGRAF,
salientando que o digital não teve o impacto na revista como teve no jornal.
Quem também tem um desempenho positivo é o livro,
"que está a crescer em papel".
Por exemplo, na Holanda "está a crescer acima da média (8%), enquanto na Europa o crescimento de
5%", disse.
Pedro Lopes de Castro explicou que o facto de o "'ebook' [livro eletrónico] não ter tido o
sucesso que ameaçava" e de o telemóvel "ter sido o aparelho que ganhou espaço" entre os 'tablets' e
outros dispositivos, "está a
permitir que o livro se imponha com as suas virtualidades".
O setor gráfico em Portugal emprega cerca de 20 mil
trabalhadores e conta com mais de 2700 empresas, representando 4% da indústria
transformadora.
Tem um volume de negócios de 2200 milhões de euros por
ano, sendo que 600 milhões de euros correspondem a exportações, segundo a
APIGRAF.
Do total das exportações, metade são indiretas, ou seja,
resultam da venda ao exterior por parte dos seus clientes.
"A indústria
gráfica vai ter um ano positivo", afirmou, salientando que deverá
manter o valor da faturação ou até "subir
ligeiramente".
Um dos grandes desafios do setor é saber como responder
"à redução da quantidade",
ou seja, hoje em dia a tendência é fazer micro tiragens em vez de em massa.
"Cada vez
mais se aposta em quantidades pequenas em todas as áreas", explicou.
Criada em 1852, a APIGRAF cumpre 170 anos de vida em
2022, altura em que haverá iniciativas no sentido de comemorar esta data.
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