PATRIMÓNIO - Ciclo de Órgão de Tubos da Inatel, encerra com muita afluência
Encerrou este domingo o Ciclo de Órgão de Tubos da Região de Coimbra, com o concerto no Seminário Maior, a cargo do jovem organista
António Hipólito. Antes do espetáculo houve uma visita guiada ao espaço, de
âmbito turístico, conduzida pelo reitor do Seminário, Padre Nuno Santos. Aliás,
as visitas foram uma das tónicas comuns em todos os concertos, possibilitando
que os espetadores tomassem contacto não só com a música mas também com os
monumentos e suas raízes, tendo em alguns deles sido possível experienciar uma
mostra de gastronomia local.
No sábado, no Mosteiro de Lorvão, o programa começou a meio
da tarde com uma recriação da cozedura da broa, levada a cabo pelo Grupo
Etnográfico de Lorvão, a quem coube também confecionar um jantar no forno
comunitário seguido de uma degustação da doçaria conventual desta vila. O
concerto teve início às 21h00, pelas mãos do organista João Santos, deixando a
sala repleta, tendo parte do público de ocupar uma segunda sala contígua, na
igreja.
De acordo com Bruno Paixão, diretor da Fundação INATEL em Coimbra, “este primeiro ciclo de outono, que passou por cinco concelhos do distrito de Coimbra, revelou-se uma autêntica surpresa, pela adesão cada vez mais crescente do público e pelo seu interesse ativo, promovendo a valorização cultural com raízes profundas em Coimbra e sua região, e gerando a consciência do património organístico existente”.
O ciclo foi uma iniciativa da Fundação INATEL e percorreu
cinco concelhos do distrito de Coimbra – Cantanhede, Coimbra, Miranda do Corvo,
Montemor-o-Velho e Penacova, contando com a parceria da Diocese de Coimbra, da
Direção Regional da Cultura do Centro, da CIM-RC e de quatro das cinco câmaras
municipais dos concelhos onde se realizou o ciclo: Cantanhede, Miranda do
Corvo, Montemor-o-Velho e Penacova.
Existe na Região de Coimbra uma das mais relevantes
concentrações de órgãos históricos do país. A Fundação INATEL estima que haja
41 órgãos de tubos na Região de Coimbra, espalhados por nove concelhos, sendo
que 16 estão no concelho de Coimbra. “Sobre uma boa parte deles, a comunidade
não sabe sequer da sua existência. Uma parte substancial não funciona de todo,
ou tem funcionamento limitado. Estima-se que só cerca de 10 destes 41 estejam
em condições de ser ouvidos. Ou seja, ¾ deste património organístico não se
encontra funcional”, aponta Bruno Paixão, referindo que tiveram já da parte de
um município a promessa de restauro de um órgão histórico do século XVIII,
disponibilizando-o para o ciclo do próximo ano, caso venha a ser feito.
Como desafia Bruno Paixão, “há um repto emergente que tem sido feito e com o qual estou plenamente de acordo, que consiste em ter diariamente um órgão de tubos a tocar em Coimbra, pois este é um conteúdo cultural que capta público, turistas, permite interpretar compositores portugueses, como Carlos Seixas, e deixar fluir as mãos dos nossos organistas, que são fantásticos”.
A Fundação INATEL reunirá no decurso do mês de novembro com
os parceiros para conjuntamente fazerem a avaliação da iniciativa e projetarem
desde já o ciclo do próximo ano, tal como tem sido solicitado pelo público e
por muitos dos intervenientes ligados à programação, o que deixa as melhores
expectativas para a continuidade do ciclo na região.
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