CONSUMO - Deco deteta substâncias que podem ter efeitos negativos na saúde em batons vermelhos
A
Deco detetou vestígios de chumbo e componentes de óleos minerais derivados de
petróleo em quantidades superiores às consideradas seguras em batons vermelhos
à venda no mercado e já comunicou o caso ao Infarmed.
Numa
nota enviada hoje às redações, a Associação Portuguesa para a Defesa do
Consumidor (DECO) diz que testou sete batons vermelhos e encontrou
hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais (MOAH) em três deles (marcas
Avril, Kiko e Mac).
A
Deco explica que um destes batons vermelhos, da marca Avril, “é certificado
pela Ecocert como produto ‘natural’ e ‘biológico’” e na rotulagem informa que
não recorre a derivados de óleos.
Detetou ainda nos batons analisados das marcas Kiko e Mac
quantidades superiores às consideradas seguras de componentes de óleos minerais
derivados do petróleo (MOSH e POSH).
No
caso do bâton vermelho da Kiko analisado, a Deco sublinha que “nem cumpre as recomendações da própria
indústria (Cosmetics Europe)”.
Os batons vermelhos analisados neste estudo forram o
Avril Le Rouge Hollywood 598, o Mac Retro Matte Ruby Woo 707 e o Kiko Kikoid
Velvet Passion 05 Burgundy.
Já
num baton vermelho da marca Maybelline a Deco diz que detetou “níveis aceitáveis destas substâncias”,
mas, apesar disso, sublinha que “contribui
para o efeito de cocktail, isto é, para a exposição global às mesmas”.
Em todos os batons analisados foram encontrados vestígios
de chumbo, “embora em níveis abaixo do
limite tecnicamente evitável”.
“Demos conta das
conclusões ao Infarmed, responsável pelo controlo dos cosméticos. Apesar de as quantidades de substâncias
preocupantes serem inferiores às detetadas noutros testes a batons que
efetuámos, ainda são motivo de preocupação”, sublinha a defesa
do consumidor.
O
MOSH, o POSH e o MOAH são componentes de óleos minerais derivados do petróleo.
Os óleos minerais são usados nos produtos cosméticos, entre outros, como
suavizantes, protetores da pele e reguladores da viscosidade.
Apesar da sua utilidade, estes componentes “despertam preocupações quando utilizados em
batons”, diz a Deco, sublinhando: “O
mesmo vale para contaminantes como os metais pesados”.
“Ingeridos, o que é um cenário real no caso
dos batons, podem implicar risco de mutações genéticas e tumor”,
acrescenta.
A
defesa do consumidor explica ainda que a lei “proíbe o recurso a metais pesados nos cosméticos, a menos que seja
tecnicamente impossível impedir a sua presença e desde que sejam cumpridas as
boas práticas de fabrico”.
Mas
permite o uso de óleos, "se se
conhecerem todos os antecedentes de refinação e se se puder provar que a
substância a partir da qual foram produzidos não é carcinogénica".
“Nada temos contra esta permissão. Mas
exigimos que a legislação indique tanto as quantidades de metais pesados que
considera vestígios, como os limites de segurança para a presença de MOSH, POSH
e MOAH na composição dos óleos minerais”, afirma.
Sem
valores de referência indicados pela lei, para o teste que realizou, a Deco
explica que usou os limites de metais pesados fixados pelo Instituto Federal
Alemão de Avaliação de Riscos. Já no caso dos componentes de óleos minerais,
teve em conta as recomendações da Comissão Europeia, da Autoridade Europeia de
Segurança Alimentar (EFSA) e da indústria.
A associação europeia de fabricantes - Cosmetics Europe -
defende um máximo de 5% para alguns tipos de MOSH. No estudo que fez, a
Deco elevou a fasquia para 10%, devido à margem de erro do método.
“Quanto ao MOAH, a simples presença é motivo
para desaconselhar um produto”, diz.
A Deco diz que também fez cálculos de exposição tendo em
conta o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) destas substâncias e a respetiva
margem de segurança.
“Os resultados do teste aplicam-se aos
produtos indicados, e não a toda a linha de batons das marcas. Os corantes
variam com o tom do batom e, assim, as concentrações das substâncias
pesquisadas, nomeadamente de chumbo, podem variar. Portanto, não podemos
aconselhar ou desaconselhar outros batons das mesmas marcas”, acrescenta.
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