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ILUSTRES [DES]CONHECIDOS - Alípio de Sousa Borges (1932-1997)




Alípio Sousa Borges, filho de António Borges e de Bigadaila de Jesus Sousa, nasceu em Lorvão no dia 26 de Agosto de 1932, mas desde tenra idade veio para Penacova, onde casou e faleceu em Dezembro de 1997.

Electricista de profissão, trabalhou na Companhia Eléctrica das Beiras (que mais tarde viria a integrar o grupo EDP), tendo passado também pela Câmara Municipal no início da sua carreira.
Apesar de bom profissional, foi no campo da Música e do Teatro de Revista que se notabilizou. Em Penacova deixou a sua marca indelével. Também fora do concelho, se afirmou como credenciado instrumentista.

É através da entrevista que deu ao jornal Nova Esperança, em Junho de 1986, que nos chegam alguns pormenores da sua vida artística. 

Conta Alípio Borges que sempre gostara de música - em especial da harmonia, mais do que propriamente dos aspectos melódicos - e que já uma sua bisavó fora uma mulher voltada para esta arte.

Recorda igualmente que convivera com Raimunda de Carvalho, um nome grande da música, e que desde muito cedo tivera  o privilégio de lhe mudar as folhas da partitura quando ela tocava piano. Com esta exímia cultora da arte musical e com o Mestre Eliseu, de Coimbra, aprendeu solfejo durante a adolescência e juventude (1944-49). Estudou também teoria musical, harmonia e composição. Com Alípio Costa Alvarinhas Miguel (Catarino) aprendeu saxofone, entrando pela sua mão para a Filarmónica. Tocou também saxofone-alto na Orquestra do Clube Desportivo Penacovense, dirigido pelo Mestre Eliseu. Por este nome importante do panorama musical conimbricense foi também convidado, já com carteira de músico, para fazer parte da Orquestra da FNAT (instituição que deu origem ao INATEL). Músico multifacetado passou por muitos Grupos de Baile, entre os quais “Os Alegres” e o afamado “Ases do Ritmo”. Foi ainda, durante muitos anos, Mestre das Filarmónicas de Penacova e de S. Pedro de Alva.

Outra faceta de Alípio Borges e que marcou gerações de penacovenses foi o teatro. Ao Nova Esperança contou que se devera à acção de Raimunda Martins de Carvalho, enquanto dinamizadora do Grupo Orfeónico Católico Penacovense, bem como ao Padre Firmino Carvalhais, ao cenógrafo Pepe Iglésias[1] e ao Mestre Eliseu, no Grupo de Variedades da FNAT,  a sua entrada no mundo do teatro de revista que culminaria com o Grupo de Teatro de Penacova, onde, como referiu foi "actor amador, electricista, carpinteiro de cena, músico”. Enquanto criador dos textos, poeta[2], actor e músico (autor e executante), prestou um inestimável serviço à cultura do nosso concelho. Na entrevista ao NE, apesar de ter “absoluto conhecimento dos seus limites” e ter “pena de muitas vezes não ter alcançado os objectivos”, reconheceu que fizera “alguma coisa pela cultura nesta terra”.
O Grupo de Teatro e Variedades da Casa do Povo de Penacova apresentou em 2019 e 2020, em vários locais do concelho, o espectáculo “Recordar é Viver”, inspirado na obra de Alípio Sousa Borges. Além de recuperar textos e músicas do Mestre também, ao nível da cenografia, foram utilizados alguns trabalhos do início da década de cinquenta do século passado.

No campo da intervenção social, foi Presidente da Junta de Freguesia de Penacova nos anos 60 e durante muitos anos pertenceu aos Bombeiros Voluntários de Penacova, onde foi membro da Direcção e Ajudante de Comando do Quadro Honorário.

Alípio de Sousa Borges, um nome que não podia ficar de fora desta galeria de ilustres penacovenses que temos vindo a publicar e que muito reconhecidamente hoje aqui recordamos.



[1] Fundador do Grupo de Teatro “Os Rouxinóis”, fundado em 1948  na Anadia, por José Luís Iglésias, também conhecido por Zeca Iglésias, de seu nome completo, José Luís Fernandes Llano Iglesias.
[2] Ao leme da Barca Serrana/À vara, a remo ou à vela/Fosse ele, noite ou fosse dia/Guiava-se à sua boa estrela/Chamada Senhora da Guia


1 comentário:

  1. Fátima Viseu da Fonseca18 de julho de 2020 às 12:08

    Quem conheceu Alípio Borges enquanto Homem ,admirou- o pelo seu carácter dignidade : quem o conheceu como Homem da Cultura, não pode deixar de lhe render uma singela homenagem, como a que lhe o resto aqui.
    Homem de inteligência muito fina,conseguia fazer uma crítica social bem incisiva ,contundente,sem no entanto ser ofensiva.
    Muito teríamos para apreender com Homens com este...infelizmente não é possível, todos vão ninguém fica.
    Que prevaleça então as memórias dos que vão ficando, transmitindo às gerações que ficam o saber que nos foi transmitido a nós.
    Obrigada pelos bons momentos que nós fez passar,pelas belas músicas e letras que compôs- " AS Lavadeiras do Rio Mondego
    São de fino gosto
    Lavam a roupa desde manhã cedo
    Até ao sol posto"- como esta, por exemplo,que ainda hoje é cantarolar a por aí.

    Obrigada por tudo o que deixou

    NÃO O ESQUECEREMOS!

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