OPINIÃO - Defender os Bombeiros, sempre


O nosso concelho - e a região serrana - têm sido alvo de acontecimentos absolutamente intoleráveis num País que se diz moderno e civilizado, com tanto dinheiro de todos nós alocado ao flagelo.

Os incêndios florestais, que se tornaram urbanos, vulgarizaram-se de tal maneira, principalmente este ano, criaram tanta desgraça e provocaram tanta instabilidade, que me parece ligeiro demais tentar  justificar seja o que fôr com o clima, com as condições excepcionais ou com fenómenos extremos.

Até pode ter coexistido tudo isso!

Mas a justificação simplista – ou simplificada – que não olha para dentro do próprio sistema, que não transporta autocrítica e que não faz mea culpa, só quer significar que para o ano haverá mais e, se possível, pior...

Acontece é que todos os portugueses não podem fechar os olhos ao descalabro em que se transformaram as instâncias organizativas do combate aos incêndios, em particular e do combate aos flagelos, em geral.

Nem podem resumir o problema a esta ou àquela querela política.

É de raciocínio simplificado que todos os Governos, todos os partidos políticos e, no fim da linha, todos nós, enquanto Povo, temos culpa da anarquia em que se transformaram as “danças dos interesses” na partilha da chamada indústria do fogo.
O bolo é grande e apetitoso.

Não se pode é calar a indignação que levou ao aniquilamento das chamadas forças de proximidade, como sejam os guardas florestais, os cantoneiros e os vigilantes, que todos nós conhecíamos como agentes de primeira linha na identificaçao e alerta dos incêndios.

Nem se pode permitir que se fale em regionalização e municipalização e, depois, se queiram “encarneirar” – é o termo – os nossos Bombeiros.

Ontem eu vim da Galiza para Coimbra, durante a manhã; encontrei fogos por todo o lado e, enquanto os fogos lavravam eu vi centenas – isso mesmo, centenas – de viaturas de combate a incêndios a passearem nas auto-estradas portuguesas e não vi uma só viatura nas auto-estradas espanholas.

Num lado os bombeiros combatiam os incêndios e no outro – o nosso – os bombeiros andavam perdidos em estradas a que não estão habituados, sem poderem cumprir a sua missão primeira: combater os incêndios que deflagravam à sua volta.

É, pois, notório, que algo está mal nesta organização desorganizada que gere o activo humano das Corporações dos nossos Bombeiros, sendo absolutamente caricato perceber que, na maior parte dos casos, os Homens e Mulheres bombeiros trazidos ou mandados para determinados locais, não os conhecem, nem lhes conhecem os acessos...e as manhas de ventos e marés.

Os nossos bombeiros estão inseridos em estruturas desorganizadas e, como tal, obedecem a quem manda... mal.

Ontem estiveram a ajudar os nossos vizinhos, com valentia, dignidade, profissionalismo e abnegação, tudo o que faz deles heróis já há muitas gerações.

Não se lhes pode nunca assacar culpas de qualquer espécie pelo facto de depois, quando as coisas começaram a correr mal para o nosso lado, ninguém para além deles, já extenuados, ali estivesse para NOS ajudar.

Temos como obrigação levantar-lhes a moral e defendê-los, sempre!

Luís Amante

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