CIÊNCIA VIVA - O céu de julho de 2019
A Lua Nova é a primeira
efeméride astronómica relevante do mês, ocorrendo ao final da segunda tarde de
julho. A interposição da Lua entre o Sol e a Terra causará um eclipse
solar total, que apenas será apreciado na sua plenitude ao longo de uma faixa
estreita que se estende do norte da Argentina e do Chile até ao sul do oceano
Pacífico.
Ao anoitecer de dia 4 a Lua será vista na constelação do
Caranguejo junto com os planetas Mercúrio e Marte. Este evento marca a chegada
da Terra ao seu afélio (ponto da orbita mais afastado do Sol) já madrugada
seguinte. Mas, como por estes dias o hemisfério norte terrestre está voltado na
direção do Sol, nesta parte do globo o Sol parece mais alto, e ilumina mais, do
que há seis meses.
A maior aproximação entre Mercúrio e Marte dar-se-á na no
dia 6, distado cerca de 4 graus um do outro (pouco menos da largura de três
dedos vistos com o braço esticado). Mercúrio será o planeta mais à esquerda e o
mais brilhante dos dois.
Estes astros serão visíveis na primeira quinzena do
mês, passando depois a ser ofuscados pelo Sol. Nessa noite a Lua estará ao lado
de Régulo, um sistema estelar quadruplo situado a 79 anos-luz de nós, que
associamos ao coração da constelação do Leão.
Aquando do quarto crescente de dia 9, o planeta Saturno
estará em oposição, i.e. a posição diametralmente oposta à do Sol. Este é o
período em que estamos mais perto desse planeta e em que o vemos completamente
iluminado.
Na noite de dia 13 para 14 a Lua será vista ao lado de Júpiter,
enquanto na madrugada de dia 16 já estará ao pé de Saturno.
Por ocorrer junto ao plano da órbita terrestre a Lua Cheia
de dia 16 dará origem a um eclipse lunar. Este apenas será parcial pois a umbra
(a parte mais escura da sombra) terrestre apenas cobrirá parcialmente a Lua.
Este evento terá início pelas 19 horas e 42 minutos (hora no continente),
atingindo o máximo às 22 horas e meia, e terminando pela 1 hora e 20 minutos da
madrugada.
O quarto minguante chegará na madrugada de dia 21 junto da
constelação do Aquário.
Na madrugada de dia 28 a Lua nascerá lado de Aldebarã, o
olho da constelação do Touro. Esta efeméride coincide com o pico de atividade
da chuva de estrelas Delta Aquáridas, meteoros que parecem irradiar da estrela
Delta da constelação do aquário (ou Skat). Não se sabe com certeza que cometa
deu origem a esta chuva de estrelas, sendo o principal suspeito o cometa 97P
Macholz.
A melhor altura para observar este evento será pelas 3
horas da madrugada. Esta chuva de estrelas é pouco intensa tendo no pico de
atividade, e em condições de observação ideais, entre uma a duas dezenas de
meteoros por hora. Porém, estas estrelas podem ser vistas do primeiro fim de
semana de julho até à terceira semana de agosto.
O reaparecimento de Mercúrio na madrugada de dia 30 marca o
final de mais um mês de observações astronómicas.
Neste mês 3 estrelas ocuparão a posição mais cimeira no céu
a meio da noite; Vega, Deneb e Altair, pertencentes respetivamente às
constelações da Lira, do Cisne e da Águia. Estas são os vértices do celebre
Triangulo de Verão.
Boas observações!
Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
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