SAÚDE - Retoma das cirurgias não urgentes devem ter em conta gravidade e tempo de espera
A retoma da
atividade cirúrgica não urgente nos hospitais deve ter em consideração a
gravidade clínica, o tempo de espera já decorrido e a possibilidade de a
cirurgia ser realizada em ambulatório, segundo uma norma da Direção-Geral da
Saúde.
A DGS refere
que a estratégia de retoma e o seu enquadramento temporal devem ter em
consideração o contexto de cada instituição do Serviço Nacional de Saúde (SNS),
incluindo a avaliação da capacidade instalada, a disponibilidade de recursos
humanos e técnicos, as especificidades de cada especialidade cirúrgica, e a
situação epidemiológica a nível regional e local.
"A retoma
da atividade cirúrgica eletiva deve ter em consideração a gravidade clínica,
articulada com o tempo de espera já decorrido, e a possibilidade de realização
em ambulatório dos atos cirúrgicos, o que pode implicar a revisão das listas de
espera", sublinha a DGS.
Entre outras
medidas, a norma para a retoma da atividade cirúrgica eletiva (não urgente nem
emergentes) no SNS, publicada na quarta-feira no ‘site’ da DGS, estabelece que
nos doentes com infeção pelo novo coronavírus seja reagendada a cirurgia para
um momento após a determinação da cura.
Os restantes
utentes, sem suspeita de covid-19 e sem contato com pessoas infetadas, devem
realizar um teste laboratorial molecular para a SARS-CoV-2, o mais próximo
possível do procedimento (24/72 horas).
A norma
determina também as recomendações de boa-prática clínica a adotar no pré e
pós-operatório, a organização do funcionamento do bloco cirúrgico e os
equipamentos de proteção individual a utilizar nas cirurgias para minimizar o
risco de transmissão pelos vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covis-19.
“As limitações
à atividade cirúrgica impostas pelas medidas de saúde pública na fase inicial
da pandemia implicaram alterações na atividade assistencial no SNS, com o
consequente aumento do tempo de espera dos utentes com indicação cirúrgica”,
que importa agora retomar, lê-se no documento.
A retoma da
atividade cirúrgica eletiva, incluindo a pediátrica, deve ser “faseada e
progressiva” e “sem prejuízo das recomendações para alguns setores específicos
de atividade, tais como a cirurgia de transplantação, bem como uma análise
permanente da evolução epidemiológica da pandemia, de forma a garantir uma
reserva da capacidade do SNS para o eventual aumento do número de casos
covid-19, que se pode registar durante as fases de desconfinamento”.
Esta retoma
deve ser “gradual, dinâmica e assegurar o cumprimento rigoroso” das normas e
orientações da DGS em termos de segurança para os utentes e profissionais de
saúde, designadamente de equipamentos de proteção individual, circuitos de
doentes, testes de diagnóstico e boas práticas clínicas.
Os conselhos de
administração dos centros hospitalares, Unidades Locais de Saúde e hospitais
devem elaborar um plano para recuperação da atividade cirúrgica eletiva não
realizada por força da pandemia covid-19, tendo em conta a prioridade clínica
de cada situação e as especificidades de cada especialidade cirúrgica.
As medidas de
prevenção e controlo de infeção para minimizar o risco de transmissão pelo novo
coronavírus devem ser reforçadas no bloco operatório, onde “o número de
profissionais deve corresponder ao estritamente necessário para a realização
dos procedimentos cirúrgicos em segurança”, devendo ser “especialmente reduzido
durante os procedimentos de abordagem da via aérea (intubação e extubação)”.
“Sempre que
clinicamente adequado deve privilegiar-se a realização de procedimentos e
técnicas cirúrgicas menos invasivas, por forma a assegurar uma recuperação com
menor tempo de internamento e melhor qualidade de vida”, sublinha a DGS.
Durante os
procedimentos anestésicos devem ser adotadas todas as medidas que assegurem uma
minimização da aerossolização e possível propagação do vírus, como só retirar a
máscara do doente quanto todos os profissionais de saúde presentes tiverem
colocado o equipamento de proteção individual adequado.
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